“Certamente, esta não foi uma visita burocrática. Muito pelo contrário: está claro que podemos transformar em ações os importantes debates sobre saúde que realizamos hoje aqui”, disse o presidente da Fiocruz, Paulo Buss, ao término da reunião com o ministro da Saúde do Reino Unido, Alan Johnson, na manhã desta terça-feira (12/2), no Castelo Mourisco, sede da Fundação no Rio de Janeiro. Durante visita de quatro dias ao Brasil, Alan Johnson pretende conhecer melhor a área de saúde, com o objetivo de desenvolver acordos de cooperação entre os dois países. As parcerias envolveriam estratégias para reduzir as desigualdades no acesso aos serviços de saúde e fortalecer tanto o sistema de saúde britânico como o Sistema Único de Saúde (SUS). “Nosso propósito é reforçar a cooperação entre Brasil e Reino Unido no enfrentamento de desafios globais”, resumiu o ministro britânico, cuja agenda inclui compromissos no Rio, Brasília e São Paulo até quinta-feira (14/2).
|
O ministro britânico (à direita) é recebido no Castelo da Fiocruz pelo presidente da Fundação, Paulo Buss (Fotos: Peter Ilicciev) |
Ainda na Fiocruz, após a reunião no Castelo, a comitiva britânica conheceu as instalações do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos), fábrica de vacinas da Fundação. Em janeiro deste ano, Biomanguinhos e a multinacional britânica GlaxoSmithKline (GSK) assinaram um contrato de transferência de tecnologia para a produção da vacina contra rotavírus – exemplo não só de parceria entre Brasil e Reino Unido, mas também de parceria público-privada. O acordo com a GSK permitirá ao Brasil produzir cerca de 50 milhões de doses da vacina nos próximos cinco anos, o que atenderá integralmente à demanda do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. A transferência da tecnologia será feita em quatro fases e a nacionalização da vacina deve acontecer em 2013. Com a incorporação definitiva da tecnologia de produção, calcula-se uma economia de pelo menos US$ 100 milhões aos cofres públicos num prazo de cinco anos.
Principal agente infeccioso causador de diarréia grave e desidratação, sobretudo em crianças menores de cinco anos, o rotavírus é responsável por cerca de 2 milhões de hospitalizações por ano em todo o mundo. No Brasil, em 2005, mais de 95 mil internações naquela faixa etária foram atribuídas ao rotavírus. No ano seguinte, a vacina contra esse agente infeccioso foi introduzida no calendário do PNI e, em 2007, estima-se que houve uma redução de quase 30% nas hospitalizações.
|
Alan Johnson (ao centro) em visita a Biomanguinhos, unidade de produção de vacinas da Fiocruz |
Para a efetivação do contrato com a GSK, foi fundamental a capacitação científico-tecnológica alcançada por Biomanguinhos, onde uma nova área de produção deve começar a operar em 2009. No entanto, esta não é a primeira vez que a Fiocruz firma um acordo com a GSK. As duas instituições são parceiras desde 1985, quando estabeleceram uma colaboração técnica na erradicação da poliomielite. Já no ano passado, elas concluíram a transferência da tecnologia para a produção no Brasil da vacina contra a bactéria Haemophilus influenzae tipo B, principal causa de meningite. E em 2003 o alvo do acordo foi a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola).