Um pedido de ajuda de representantes das comunidades de Manguinhos à Fiocruz originou uma iniciativa de mobilização contra a doença que já atingiu mais de 60 mil pessoas no Estado do Rio de Janeiro. O projeto Dia de Combate a Dengue, que ocorrerá nesta segunda-feira (14/4), visa identificar e eliminar, nas 15 comunidades dos arredores da Fundação e em seu campus, focos de Aedes aegypti e possíveis criadouros, além de orientar a população em procedimentos prevenção da proliferação de vetores e informar sobre os sinais de alerta da doença. O empreendimento também conta com a participação das secretarias Municipal e Estadual de Saúde, da Rede Centro de Cooperação e Atividades Populares (CCAP/Casa Viva) e da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) – que montará dez pontos estratégicos de coleta para a retirada do lixo, o que contribuirá para a extinção de focos do mosquito.
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Ação de combate à dengue no campus da Fundação (Foto: Peter Ilicciev) |
Do combate, participarão técnicos, colaboradores das instituições envolvidas, funcionários voluntários da Fiocruz e moradores dos arredores. A mobilização terá início às 7h30, em frente à Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fundação. Às 8h, 15 equipes de dez pessoas – incluindo agentes comunitários do Programa de Saúde da Família (PSF), que facilitarão o acesso às casas – começarão a percorrer as vielas e ruas das comunidades. “A intenção é visitar e levar informação para o maior número casas e pessoas ao longo de todo o dia”, afirma Maria de Lourdes Maia, presidente da Comissão de Responsabilidade Socioambiental de Biomanguinhos/Somar e uma das coordenadoras do projeto.
Para a iniciativa, a Fiocruz reuniu, no último dia 3, cerca de 250 voluntários para capacitação. Dentre os tópicos abordados no treinamento, estavam a noção de habitação saudável, o histórico da doença e do mosquito no Rio, a biologia do Aedes aegypti, a diferença dele para o pernilongo (Culex) e o uso do fumacê. “É preciso, sobretudo, informar a população em geral”, diz Maria de Lourdes Maia. “Alertar, por exemplo, sobre os principais sinais da dengue hemorrágica, evitando casos fatais, e sobre o fato de que somente o fumacê não basta para o combate ao mosquito, já que o remédio mata mais pernilongos do que Aedes e não entra no domicílio das pessoas, principal foco dos vetores”.
Durante as visitas às casas, serão organizadas conversas para retirar dúvidas dos moradores e distribuídos panfletos informativos sobre como combater a dengue e os sinais de alerta para a doença. Os agentes comunitários também poderão auxiliar na identificação de doentes e no encaminhamento desses a postos de saúde. “A intenção é deixar clara a necessidade de realizar os cuidados de prevenção como parte do dia-a-dia, fazendo com que a comunidade esteja compromissada com a causa e de continuidade ao trabalho”, comenta Maria de Lourdes.
A ação contra a doença não pára por ai. Em parceria com a comunidade (incluindo aqui Rede CCAP/Casa Viva ,escolas e o comércio local), a Fiocruz, a Guarda de Vetores da Prefeitura do Rio de Janeiro, a União Ativista Defensora do Meio Ambiente (Uadema), a Comlurb, o PSF, a Secretaria Municipal de Saúde pretendem desenvolver conjuntamente, nos próximos cinco meses posteriores ao dia do combate, estratégias de “educação permanente” da população. Mais uma tática a ser efetuada é a criação de brigadas de controle de vetores nas comunidades, para reduzir o risco da dengue e outras doenças.