17/09/2018
A agroecologia como alternativa sustentável esteve em discussão durante as comemorações aos 64 anos da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). O debate, realizado na tarde do dia 5 de setembro, foi coordenado pelo vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes, e contou com a participação do agrônomo especialista em desenvolvimento rural, abastecimento e segurança alimentar e nutricional, Silvio Porto, e do agrônomo e secretário executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Denis Monteiro. Na ocasião, Silvio destacou que não há como trabalhar em uma perspectiva de soluções únicas. É preciso se pensar em cada território, e a agroecologia parte desse diálogo. Ele ressaltou que a agroecologia é a antítese do agronegócio. Denis Monteiro defendeu a importância da discussão da agroecologia sob a perspectiva da saúde e a importância desse campo fértil de debates.
A discussão teve início com a fala do vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes, que contextualizou as ações da Fiocruz na área. Marcos ressaltou a importância da pauta da agroecologia dentro dos movimentos sociais e sua potência para avançar na área de segurança alimentar no país. A questão agrária no Brasil também foi pontuada pelo vice-diretor. Segundo ele, o censo do último ano apontou aumento da concentração dos latifúndios no país. “A discussão da reforma agrária é urgente”, alertou. Marco abordou como a Fiocruz vem se organizando nesta área, através de um diálogo de aproximação intenso, citando algumas ações como o Dicionário da Agroecologia e a realização do 6° Seminário de Saúde e Ambiente.
Alternativa sustentável
O agrônomo especialista em desenvolvimento rural, abastecimento e segurança alimentar e nutricional, Silvio Porto, destacou que o tema da agroecologia é perceptível na instituição e defendeu que a saúde tem muito a contribuir. “A saúde vem se apropriando deste campo e dado grandes contribuições”, afirmou. No âmbito da dimensão territorial do Brasil, Silvio defendeu que não há como trabalhar em uma perspectiva de soluções únicas. É preciso se pensar em cada território, e a agroecologia parte desse diálogo. Ele ressaltou que a agroecologia é a antítese do agronegócio.
Silvio Porto citou, também, a questão dos impactos ambientais que o modelo atual de produção causa. Segundo ele, a agroecologia poderia ajudar, principalmente, no âmbito do clima. O agrônomo abordou ainda as estratégias de ação nos territórios citando algumas características, entre elas: aumento da escala; localização dos sistemas agroalimentares; atuação em Rede; construção do conhecimento; inserção da juventude rural; recursos e políticas públicas; e conexão da agroecologia com o público urbano.
Após a apresentação de Porto, o agrônomo e secretário executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Denis Monteiro, fez sua fala. Denis lamentou que sob a perspectiva do tema de aniversário da Ensp/Fiocruz deste ano - Avanços, retrocessos e caminhos da atual conjuntura brasileira - todos se perguntam o que fazer. “É importante dialogar para celebrar o que conquistamos e saber como vamos enfrentar os desafios”, destacou. Monteiro destacou a discussão da agroecologia sob a perspectiva da saúde e a importância desse campo fértil de debates.
No âmbito do debate sobre o enfrentamento aos agrotóxicos, comemorou a construção de uma agenda estratégica de agroecologia da Fiocruz. Ele destacou, ainda, algumas perspectivas do 4º Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), realizado de 31 de maio a 3 de junho, em Belo Horizonte, Minas Gerais. De acordo com ele, o objetivo do 4º ENA foi resgatar a história de 1988 para cá, e ver quais foram as conquistas neste período de redemocratização. Denis ressaltou ainda que a agroecologia é muito mais reconhecida e acessível atualmente do que era no passado. “O 4º ENA foi um momento de celebração de conquistas, pois a agroecologia se constrói a partir de trabalho em Rede”, ressaltou.
Denis explicou o trabalho da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e o que ela representa. A ANA é um espaço de articulação e convergência entre movimentos, redes e organizações da sociedade civil brasileira engajadas em experiências concretas de promoção da agroecologia, de fortalecimento da produção familiar e de construção de alternativas sustentáveis de desenvolvimento rural. Atualmente a ANA articula vinte e três redes estaduais e regionais, que reúnem centenas de grupos, associações e organizações não governamentais em todo o país, além de quinze movimentos sociais de abrangência nacional. Saiba mais sobre a Articulação Nacional de Agroecologia.
Veja aqui as palestras na íntegra e acesse a playlist do Aniversário de 64 anos da Ensp/Fiocruz.