14/09/2018
Emerson Rocha (Fiocruz Mata Atlântica)
O derramamento de óleo vegetal de cozinha no esgoto é muito danoso ao meio ambiente em geral. Ele polui a água e prejudica o seu reaproveitamento. Além disso, quando o líquido é despejado no solo, contamina o lençol freático e causa a impermeabilização, impedindo a filtração da água na terra. Pensando nesses problemas, o Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica (PDCFMA) desenvolve, desde 2011, o projeto Coleta Seletiva Solidária. A ideia é conscientizar os moradores da Colônia Juliano Moreira e adjacências dos malefícios de jogar esse tipo de material nos ralos das pias e tanques.
Para separar o óleo vegetal é preciso esperar ele esfriar após a fritura. Não necessita coar. Basta depositar em uma garrafa pet de dois litros (Foto: Fiocruz Mata Atlântica)
Até o último levantamento realizado, no início de setembro, cerca de 700 pessoas participaram do projeto entregando óleo. No total, quase 39 mil litros foram recolhidos até o momento. A média por mês é de aproximadamente 500 litros trocados por materiais de limpeza e adubo orgânico. Essas pessoas guardam o óleo em garrafas pet de dois litros para trocar por materiais de limpeza e adubo orgânico. A entrega é realizada todas as quartas-feiras, em um posto montado ao lado do Hospital Municipal Jurandyr Manfredini. A equipe do PDCFMA permanece no local de 10h às 14h30. O morador tem várias opções para trocar o que foi coletado. A cada dois litros há opções diferentes de produtos:
2 litros - detergente ou sabão em barra;
4 litros - multiuso, desinfetante, água sanitária ou adubo orgânico;
6 litros - sabão em pó, sabão pastoso ou sabão pastoso líquido.
O material é conseguido por meio de uma parceria com a empresa Grande Rio Reciclagem Ambiental, localizada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Assim que uma grande quantidade é recolhida um carro da companhia é acionado e vai até o posto de coleta para buscar o que foi entregue e disponibilizar os produtos de acordo com os litros de óleo trocados. Acaba virando um ciclo: o morador entrega o material e troca pelo material de limpeza. Depois a empresa recolhe os litros e deixa seus produtos para novas contribuições. Até porque, a companhia utiliza esse óleo como matéria-prima para a produção de sabão pastoso.
"Desde 2009 estamos atuando junto às comunidades do entorno do CFMA com esse projeto socioambiental. Dois anos depois foi mesmo implementado, após ser contemplado pelo edital da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. Já ganhamos até a certificação de tecnologia social, por meio do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2013. A ideia é ter uma estrutura fixa para que assim possamos consorciar mais projetos sociais, culturais, de educação ambiental e promoção da saúde", diz Mirian Rose, responsável pelo projeto na Fiocruz.
O biólogo João Souza de Oliveira também participa desde o começo dessa inciativa. Com a experiência de atuar por anos na questão de reciclagem, ele indica alguns outros problemas que o óleo vegetal pode causar no cotidiano. "Esse tipo de material cria uma camada na superfície dos rios, impedindo que haja a reposição de oxigênio na água e causando a morte dos seres vivos que habitam nos rios. Nas residências o óleo de fritura jogado nos ralos entope canos e caixas de gordura", alerta Oliveira.
Para separar o óleo vegetal é preciso esperar ele esfriar após a fritura. Não necessita coar. Basta depositar em uma garrafa pet de dois litros. Não é aceito gordura animal. O posto de troca ainda conta com um Ponto de Leitura, onde os moradores podem pegar livros e revistas de forma gratuita. Ele fica no estacionamento do Hospital Municipal Jurandyr Manfredini, na Avenida Sampaio Corrêa, s/nº, Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Mais informações pelo telefone (21) 2448-9191.