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05/05/2016

Artigo aborda ultrassom obstétrico e a estratificação dos cuidados à saúde

Blog da revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos


Orgulhosa, a gestante sai da clínica carregando fotos e vídeos do seu bebê, devidamente nomeado. Enquanto isso, noutro canto da cidade, uma grávida atendida às pressas após longa espera na fila parte sem qualquer souvenir. O caráter estratificado da biomedicalização no acompanhamento pré-natal é o tema do artigo "Exame bento” ou “foto do bebê”? Biomedicalização e estratificação nos usos do ultrassom obstétrico no Rio de Janeiro, de Lilian Krakowski Chazan e Livi F.T. Faro, publicado na mais recente edição da revista História, Ciência, Saúde - Manguinhos, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).

As observações para o estudo foram realizadas em três clínicas particulares e em dois contextos de atendimento público: um hospital universitário e uma maternidade. As pesquisadoras perceberam que a difusão do fenômeno de biomedicalização varia de acordo com o estrato social das gestantes, produzindo corpos fetais e gestantes, assim como processos gestacionais, totalmente diversos, dependendo da camada social das mulheres atendidas.

Segundo as autoras, no universo das clínicas, era produzido um feto-bebê-pessoa, com nome, fotos e vídeos, potencializando o consumo de exames. No hospital universitário era construído um feto-paciente-modelo, transformado em conhecimento médico, em que a gestante é objeto de estudo. Já na maternidade pública, era produzido um feto-número, com diagnósticos sumários, alimentando estatísticas. 

“Verificamos disparidades entre os universos observados, o que evidencia estágios heterogêneos dos processos de medicalização e de biomedicalização”, afirmam as autoras. Elas explicam que, pela perspectiva dos estudos de biomedicalização, a estratificação vincula-se firmemente à comodificação da saúde, e o cuidado passa a ser delineado e moldado a partir de sua transformação em objeto de consumo. “Quem pode pagar pelos serviços é merecedor de atenção dos profissionais e tem acesso às tecnologias mais avançadas”, esclarecem.

O estudo visa contribuir para a discussão acerca da estratificação dos cuidados à saúde no Brasil, assim como lançar luz sobre diferentes processos de construção – ou não – de cidadania desde antes do nascimento.

Tenha acesso ao artigo completo e saiba mais sobre a última edição da História, Ciência, Saúde - Manguinhos aqui

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