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07/07/2021

Artigo ressalta a necessidade de abordagem sistêmica na Saúde

Javier Abi-Saab (Agência Fiocruz de Notícias)


Publicado na plataforma da iniciativa SDG Action da Organização das Nações Unidas (ONU), o artigo Doenças não comunicáveis: um desafio para a cooperação global, de autoria da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e do pesquisador Carlos Gadelha, destaca a importância de políticas públicas integradas que considerem a saúde humana na sua dimensão de qualidade de vida, evitando enfocar em apenas algumas doenças. “Mais do que olhar para uma só doença, precisamos ver as condições de saúde e dos sistemas de saúde. O pior que pode acontecer para a sustentabilidade e o desenvolvimento são ações fragmentadas. Deve haver uma preparação do sistema para responder às epidemias e às pandemias, assim como aumentar a capacidade de atender as doenças crónicas”, comenta Nísia Trindade.

Segundo Carlos Gadelha, o artigo destaca três grandes mensagens. A primeira ressalta que o processo que o mundo vive deve ser compreendido como uma sindemia, termo que destaca a convergência entre doenças e os seus determinantes sociais. Para o pesquisador, não existe uma dicotomia entre doenças comunicáveis e não-comunicáveis, em que um grupo deve ser priorizado sobre o outro, até porque a Covid-19 tem demonstrado que os fatores de risco da pandemia são invariavelmente relacionados a doenças crónicas. “A saúde precisa de uma abordagem sistêmica e, quando falamos de uma sindemia, falamos de problemas de saúde que são complexos e que existe uma determinação conjunta deles”, afirma.

A segunda mensagem destacada pelo artigo é que, se a situação de saúde é sistêmica, as políticas públicas também devem ser sistêmicas. Para os autores, a saúde constitui uma oportunidade única que alerta o mundo e o Brasil para a integração de políticas. “Ao olhar o contexto atual da saúde percebemos que ele tem claramente uma dimensão econômica, sendo uma das principais áreas de geração de emprego; é inerente ao bem estar social; é a área líder da geração de ciência e tecnologia; e é crucial para a relação com o meio ambiente”, afirmou Gadelha. O artigo destaca que a saúde não é uma externalidade do desenvolvimento econômico; saúde é desenvolvimento porque integra essas quatro dimensões.

Por último, o artigo alerta que, no contexto mundial, está se reforçando a desigualdade do conhecimento e da capacidade científica e tecnológica de inovação. O texto aponta, por exemplo, que 60% das patentes em biotecnologia para doenças crônicas estão concentradas em 15 empresas globais. “Fica clara uma concentração insustentável da capacidade produtiva em biotecnologia para doenças crônicas. A perspectiva é que, se essa desigualdade global no conhecimento e tecnologia for mantida, a Agenda 2030 vai falhar, como está ocorrendo na vacinação contra a Covid-19, em que a maior parte dos países está sendo excluído do acesso a vacinas”, observa Gadelha. 

O convite para participar da iniciativa SDG Action é considerado por Nísia Trindade como um reconhecimento da importância estratégica da Fiocruz no âmbito da América Latina e de uma discussão global que chama a atenção para a necessidade de maior equidade do conhecimento, da capacidade tecnológica e da produção. A presidente da Fiocruz considera que esta visão de equidade articula a dimensão nacional com a global na procura por estabelecer um padrão de cooperação solidária e não competitiva.

A SDG Action

Ação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) ou SDG Action, em inglês, é uma nova iniciativa lançada pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU (SDSN, sigla em inglês) que oferece recursos para profissionais da sustentabilidade em todos os setores e traz uma análise oportuna dos desafios mais urgentes. Sua ênfase se dá na identificação de oportunidades e no fornecimento de maneiras concretas de acelerar o progresso. O site apresenta artigos de especialistas líderes mundiais em todos os aspectos dos ODS e da ação climática. Conheça mais aqui.

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