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18/05/2016

Aumento de casos de caxumba em São Paulo não é alarmante

Gabriella Ponte (Bio-Manguinhos/Fiocruz)


A cidade de São Paulo registrou 275 casos de caxumba no primeiro quadrimestre de 2016, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. No mesmo período de 2015, foram 41 casos. No entanto, o surto não é visto como alarmante para o membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e consultor científico sênior do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Reinaldo de Menezes Martins.

Os casos de 2016 foram registrados em 39 surtos, sendo 15 deles em instituições escolares, com 80 ocorrências. No estado de São Paulo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, foram notificados 152 casos relativos a surtos e nenhum óbito em 2016. Ano passado, foram 611 casos relativos a surtos e dois óbitos.

“Não é epidemia, é um surto. Não é alarmante. A caxumba é doença, em geral, benigna. Antes da vacinação, a incidência da enfermidade era maior, mas a vacina pode falhar em uma minoria de casos”, afirma o pediatra. 

A maior incidência em São Paulo foi na população jovem, entre 15 e 19 anos (51 casos) e de 20 a 29 anos (39). A alta ocorrência da doença em escolas deve fazer com que as instituições tomem algumas precauções. Os colégios que tiverem jovens com suspeita de caxumba devem promover uma campanha de vacinação de contenção. “A melhor conduta é imunizar os que nunca foram, adolescentes e adultos que não sabem/não dispõem de comprovação, e revacinar os que só tomaram uma dose”, recomenda Reinaldo.

A caxumba é uma doença infecciosa causada por vírus. Sua transmissão acontece através das secreções respiratórias e saliva. Algumas pessoas não apresentam sintomas, mas, quando eles aparecem, são, no geral, dor e inchaço nas glândulas salivares, febre, dor de cabeça, cansaço e falta de apetite. O tratamento é apenas com alívio dos sintomas, e a recuperação leva cerca de duas semanas. É preciso bastante repouso.

O que fazer, então, para confirmar a doença? “Em geral, o diagnóstico é apenas clínico, mas em estudos clínicos e epidemiológicos podem ser feitos exames de sangue. Esta constatação pode ser feita em qualquer Unidade Básica de Saúde”, respondeu o especialista.

Muitos têm dúvidas se é possível adquirir a doença mais de uma vez. “O vírus da caxumba não imuniza tão bem quanto o da rubéola e do sarampo (na vacina tríplice viral). É possível, mas raro, ter esta enfermidade duas vezes. A efetividade protetora de uma dose é de aproximadamente 70% a 80%, e com duas doses de 80% a 90%. Não há experiência de três doses na rotina, e não se recomenda a administração de uma terceira dose para controlar surtos”, esclareceu Reinaldo.

A caxumba é de fácil prevenção por meio da vacina tríplice viral, que faz parte do calendário de vacinação. Deve ser aplicada a partir de um ano de idade em duas doses, com intervalo de um mês entre elas, em qualquer posto de saúde. O Ministério da Saúde informa que o estoque deste imunizante se encontra normalizado em todo o país.

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