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26/12/2017

'Cadernos' de dezembro traz balanço das publicações de 2017

Informe Ensp


Encerrando o ano de 2017, o Cadernos de Saúde Pública (CSP) lança o seu vol.33 n.12 fazendo um balanço das publicações do ano. A inovação ficou por conta da proposição de um estágio em editoria para os alunos de doutorado da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). As vagas foram abertas em junho e obtiveram 14 inscrições, e após entrevistas, cinco alunos foram selecionados, contemplando três diferentes programas de pós-graduação. “Trata-se, portanto, de um aprender fazendo”, afirmam as editoras do CSP Marilia Sá Carvalho, Cláudia Medina Coeli e Luciana Dias de Lima. Elas consideraram a duração do estágio, apenas quatro meses, curta. “Somente agora, já no final do ano, eles conseguem ajudar de fato nas tarefas de editoria. E por isso, pretendemos mantê-los por mais um semestre. E abriremos vagas novamente em 2018!”, saudaram. Os estagiários Giselle Goulart de Oliveira Matos, José Rodolfo Mendonça de Lucena, Laís Picinini Freitas, Mario Jorge Sobreira da Silva e Suelen Carlos de Oliveira estão gratos pela oportunidade. “Os bastidores da publicação científica, entendido e divulgado como uma grande ‘caixa preta’ por muitos estudantes e pesquisadores, é, na verdade, um lugar simplesmente fascinante para quem tem a oportunidade de conhecê-lo. A dedicação exercida por quem faz editoria é algo extraordinário e admirável”, opinam.

Entre os vários artigos desse número do CSP, Validação do modelo lógico teórico da vigilância alimentar e nutricional na atenção primária em saúde, de autoria de Santuzza Arreguy Silva Vitorino, Marly Marques da Cruz e Denise Cavalcante de Barros, da Ensp/Fiocruz, descreve as etapas de desenvolvimento e os resultados do processo de validação do modelo lógico teórico da vigilância alimentar e nutricional na atenção primária à saúde (APS). Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, no qual foram envolvidos vinte especialistas em alimentação e nutrição, incluindo pesquisadores, gestores, profissionais de saúde e usuários, por meio de uma técnica de consenso, realizada em duas rodadas. Nelas, os participantes classificaram os componentes estruturais necessários para a realização da vigilância alimentar e nutricional e seus respectivos resultados esperados segundo a pertinência e a relevância. A validação da teoria de funcionamento da intervenção cumpriu o seu objetivo de aumentar a validade de conteúdo do constructo e dar suporte à generalização analítica do método de estudos de caso, estratégia adotada para avaliar a implantação da vigilância alimentar e nutricional em um dado contexto, além de criar espaço para o diálogo entre a teoria e sua crítica ao envolver diferentes interessados no processo avaliativo e oportunizar uma ferramenta útil para a gestão.

A Resenha de Ana Paula Guljor, da Ensp/Fiocruz, sobre o livro A Linha Curva: O Espaço e o Tempo da Desinstitucionalização, de Ernesto Venturini, mergulha nas semelhanças do caminho percorrido para a transformação do modelo assistencial em saúde mental na Itália e no Brasil. Destaca-se que, nesses processos, o que estava em curso não era apenas a reorganização de serviços de saúde mental, mas a busca pela ruptura com uma lógica excludente, reflexo de sociedades desiguais. A desinstitucionalização configura-se como um movimento de transformação da própria sociedade. No cenário brasileiro, inicia-se em fins da década de 1970, pela articulação de amplos setores da sociedade civil organizada - denominado “Movimento da Luta Antimanicomial”, em 1987. A agenda apontava para a extinção dos hospitais psiquiátricos e do paradigma manicomial por ele representado. Ao mesmo tempo, pautava-se pela construção de dispositivos de cuidado em liberdade que resgatassem o papel social do louco como um sujeito de direitos. Esse processo teve na psiquiatria democrática italiana a sua principal influência teórica. Venturini, psiquiatra italiano, foi um dos atores mais importantes na elaboração e implantação do novo modelo de cuidado na Itália.

Neste livro, transita pela abordagem da macropolítica como determinante para a compreensão do contexto de transformação do modelo assistencial em saúde mental, mas não se engessa em um determinismo radical. Ao mesmo tempo, detém-se, com delicadeza ímpar, no universo molecular do cuidado cotidiano dos sujeitos em sofrimento, entrelaçando-o com a articulação da política. Sua percepção de que a desinstitucionalização é um contínuo movimento caracteriza-a como não finalizada. “Após quarenta anos do início da experiência de desinstitucionalização italiana, este livro realiza um conjunto de análises consistentes dos seus avanços e reflete criticamente sobre seus impasses. Assim, a linha curva é uma leitura fundamental para aqueles que atuam no campo da saúde mental e para os que buscam ferramentas para pensar a experiência brasileira”, finaliza Ana Paula.

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