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12/04/2024

Cartilha orienta sobre vetores transmissores de doenças e saúde de igarapés 

José Gadelha (Fiocruz Rondônia)


Qual a relação dos insetos com a saúde humana e ambiental? Como eles são conhecidos cientificamente, onde podem ser localizados, como evitá-los e de que forma esse conhecimento pode contribuir para o controle da disseminação de doenças? Para responder a essas perguntas, pesquisadores da Fiocruz Rondônia, da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e da Fiocruz Amazônia desenvolveram a cartilha Os insetos de interesse médico, que pode ser acessada gratuitamente e terá uma versão impressa distribuída aos moradores participantes do projeto, em oito bairros de Porto Velho, (Ulisses Guimarães, Areia Branca, Agenor de Carvalho, São João Bosco, São João Batista, Vila Tupi, Parque Natural e Nova Esperança), além do campus da Unir na BR-364 e proximidades. Essas áreas foram definidas estrategicamente pelos pesquisadores devido à presença de igarapés - espaços que acabam sendo ameaçados pelo desmatamento e poluição favorecendo o contato entre moradores e animais silvestres.

Os pesquisadores reforçam que a conservação dessas áreas e o conhecimento da fauna são fundamentais para a manutenção da saúde humana e ambiental, podendo auxiliar no direcionamento de estratégias de vigilância com foco na qualidade de vida da população, além de prevenirem a transmissão de doenças a pessoas e animais domésticos. A cartilha tem ilustrações, linguagem acessível e é de fácil compreensão para chamar a atenção do público em geral, especialmente o público infantojuvenil. “A estratégia enfoca a educação ambiental e em saúde, que estão intrinsicamente ligadas para uma melhor qualidade de vida humana”, enfatiza Flávia Geovana Fontineles Rios, doutoranda em Biologia Experimental que desenvolve pesquisa sobre mosquitos e carapanãs no Laboratório de Entomologia.

Ela diz que, com o projeto, espera “que os moradores próximos a esses igarapés e suas comunidades conheçam mais sobre os vetores presentes nessas áreas e possam se sensibilizar quanto à questão do combate e da prevenção a esses insetos, por meio de informações seguras, promovendo uma sensibilização quanto as medidas de controle mecânico, que incluem práticas para eliminar ou reduzir os criadouros e são uma forma bastante eficaz para combater o mosquito da dengue”.

Saúde Única em igarapés 

A cartilha surge como desdobramento do projeto Saúde Única em Igarapés de Porto Velho (SUIgPVH), desenvolvido em áreas de igarapés urbanos e periurbanos da capital de Rondônia, e que busca construir uma rede de pesquisas integradas de saúde animal, ambiental e humana, no contexto do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) nos estados da Amazônia Legal, com financiamento da Capes. O SUIgPVH é fruto de parceria entre três pós-graduações da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e o Escritório Técnico da Fiocruz Rondônia: Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental (PGBIOEXP), Conservação e Uso de Recursos Naturais (PPGReN) e Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte (Polo Rondônia).

As ações iniciaram em 2021 e devem se estender até o segundo semestre de 2025. Os pesquisadores buscam catalogar a fauna silvestre e sinantrópica (que se adapta ao convívio entre humanos), de importância médica e a flora local, estabelecendo bioindicadores para a qualidade ambiental dos igarapés urbanos e provendo subsídios para estudos sobre a vigilância em saúde animal e em saúde pública.

Para a pesquisadora Genimar Rebouças Julião, que coordena estudos no Laboratório de Entomologia, o projeto fortalece a missão de formar recursos humanos na Amazônia, pois “pesquisadores e alunos de diversas instituições estão direta e indiretamente envolvidos com atividades de pesquisa, e no âmbito do SUIgPVH estão sendo desenvolvidos quatro trabalhos de conclusão de curso de graduação (TCC), sete estudos de iniciação científica (Pibic), cinco pesquisas de mestrado, oito de doutorado e duas de pós-doutorado”.

Atualmente estão em desenvolvimento pesquisas sobre a fauna de insetos vetores que ocorrem nas matas de igarapés e sobre as doenças que podem transmitir, a exemplo de mosquitos e carapanãs; estudos com flebotomíneos (mosquito-palha); maruins; anofelinos (transmissores da malária), entre outros. Devido à amplitude e à importância dessas pesquisas para a vigilância em saúde, outros projetos são conduzidos nessas áreas de pequenos fragmentos urbanos de vegetação, e contam com financiamento do Programa de Excelência em Pesquisa da Fiocruz Rondônia (Proep), Programa Inova Fiocruz e do convênio MCTI/CNPq/Capes/Fapero-INCT EpiAmO (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Epidemiologia da Amazônia Ocidental).

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