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09/08/2013

Caso Careli completa 20 anos


Neste sábado (10/8) completam-se 20 anos do desaparecimento do servidor da Fiocruz Jorge Careli. Em 1993, Careli foi confundido com um sequestrador e levado por policiais da Divisão Anti-Sequestro (DAS) quando falava de um telefone público na Favela da Varginha, em Manguinhos. Ele nunca mais foi visto. Desde então, os trabalhadores da Fiocruz se mobilizaram cobrando das autoridades a responsabilidade pelo desaparecimento do servidor da Fundação. A Justiça condenou o Estado do Rio de Janeiro a pagar uma indenização à família de Careli e, depois de quase duas décadas do desaparecimento, declarou, finalmente, a morte presumida do servidor em 2012.

  Jorge Careli nas escadarias do Castelo da Fiocruz.
 
 

Equivalente à certidão de óbito, o Sindicato dos Servidores da Fiocruz entregou em março deste ano o documento à mãe de Jorge, Maria Careli, em cerimônia pública com amigos e familiares, diretores e ex-dirigentes do órgão. Desde 2001, a Asfoc concede a Medalha Careli para pessoas e/ou entidades que se destacam na defesa dos direitos humanos. Este ano, em 12 de setembro, o Sindicato entregará o prêmio à Comissão de Direitos Humanos da OAB do Rio de Janeiro e ao presidente da Associação da Vila Autódromo, Altair Antunes Guimarães.

O caso Careli

Em 1993, com o desaparecimento de Caerli a imprensa começou a cobrir o caso e a Fiocruz mobilizou a sociedade para a busca. Os dias se passam e provas irrefutáveis apareceram. A polícia admitiu a possibilidade da participação da equipe da DAS - então chefiada pelo delegado Hélio Vígio. Numa Kombi da DAS foram descobertos restos de cabelo, vestígios de água e perfurações de bala. Após mais de dois anos de processo, houve uma sentença de absolvição injusta: o juiz Heraldo Saturnino de Oliveira, da 6ª Vara Criminal, concluiu que "não há dúvida de que Careli foi espancado e talvez morto por algum dos réus, mas não logrou a acusação demonstrar quem, entre os 23 acusados, assim agiu e muito menos conseguiu provar a adesão dos demais policiais à prática ilícita". Foram absolvidos 22 acusados e a punibilidade do acusado Armando Correia da Silva ficou extinta por causa de sua morte.

A Presidência da Fiocruz, a Asfoc e outras instituições de defesa dos direitos humanos denunciaram a absolvição à Anistia Internacional e à Comissão de Direitos Humanos da OEA e a promotoria entrou com recurso no Tribunal de Justiça. Em 25 de agosto de 1995, Lindalva dos Prazeres testemunhou ter visto Careli na "sala do pau" da DAS, na manhã de 11 de agosto de 1993. "Eu perguntei a ele, você é sequestrador? E o rapaz disse: não, eu trabalho na Fiocruz", contou Lindalva, em entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo. O Ministério Público reabriu o caso mas, meses depois, ao término da apuração, o juiz Heraldo Saturnino ratificou a sentença anterior.

Em 1999, com o governo do Estado do Rio de Janeiro reconhecendo sua responsabilidade, os pais de Careli, Antonio e Maria Careli, receberam, cada um, uma indenização de R$ 22,5 mil por danos morais e pensão mensal de R$ 875 por danos materiais. O corpo de Careli nunca foi encontrado. Para saber mais sobre a família de Careli, clique aqui.

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