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05/09/2018

Cientistas da Fiocruz descrevem nova espécie de parasito

Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)


A descrição de uma nova espécie de helminto, realizada por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foi um dos destaques do periódico científico Journal of Helminthology. O verme coletado de pinguins encontrados no litoral Sul do Brasil recebeu o nome de Diomedenema tavaresi. A descrição foi feita pelos pesquisadores Marcelo Knoff e Delir Corrêa Gomes, do Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados do IOC/Fiocruz, Jeannie Nascimento dos Santos, da Universidade Federal do Pará (UFPA), Elaine Guerreiro Giese, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), e Ângela Teresa Silva-Souza, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). “Esta é a segunda espécie pertencente ao gênero Diomedenema descrita no mundo, o que representa um achado importante para os estudos da área”, destacou Knoff. “O estudo contribui para ampliar o conhecimento da biodiversidade de espécies de helmintos parasitos de vertebrados”, complementou Delir. 

O novo verme foi descoberto nos pulmões de pinguins da espécie Spheniscus magellanicus, chamada popularmente de pinguim-de-Magalhães. As aves foram coletadas pela equipe de monitoramento do Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), vinculado ao Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os animais foram encontrados mortos ou debilitados, em diferentes localidades entre as praias de Itapeva, no município de Torres, e Dunas Altas, na cidade de Palmares do Sul, ambas no estado do Rio Grande do Sul. O Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina foi responsável pela análise de órgãos internos e do conteúdo estomacal e intestinal das aves. A investigação revelou a presença de helmintos nos pulmões de 11 espécimes. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados do IOC/Fiocruz para análise e identificação.

Os pesquisadores do IOC/Fiocruz verificaram que as características morfológicas da nova espécie eram bastante semelhantes às da espécie Diomedenema diomedeae, encontrada em um albatroz-de-bico-amarelo, coletado no Sul da Austrália, na década de 1950. A comparação foi realizada com a utilização de imagens disponibilizadas pela Coleção Helmintológica Australiana do South Australian Museum, onde estão depositados os espécimes-tipo de D. diomedeae. As análises de microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura permitiram visualização, em detalhe, das estruturas. Entre os aspectos que permitiram a diferenciação, o estudo destaca que o D. tavaresi apresenta corpo mais curto, em ambos os sexos, vulva localizada no meio do corpo das fêmeas, além de pequenas alterações nas estruturas do conjunto de papilas caudais dos machos. Segundo Delir, as características classificam o verme encontrado nos pinguins como uma nova espécie. Ela destaca, ainda, a necessidade de estudos complementares para o esclarecimento dos impactos dos parasitos do gênero Diomedenema para a saúde animal e humana. 

O nome escolhido para a nova espécie, D. tavaresi, presta homenagem ao biólogo Mauricio Tavares, do Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos da UFRGS, por suas contribuições no conhecimento da mortalidade de vertebrados marinhos nas praias do Rio Grande do Sul. Tavares atua na coleta e preparo de espécimes, incluindo parasitos, para coleções científicas e diversos estudos que ampliam o conhecimento de animais que vivem ou visitam a costa brasileira.

Coleção

Os holótipos e parátipos, espécimes utilizados como base para descrição de uma nova espécie, foram depositados na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC). O acervo é o maior da América Latina e está entre as maiores coleções helmintológicas mundiais. O material depositado está disponível para consulta [saiba mais sobre os serviços]. O espaço reúne helmintos de animais da fauna brasileira, representando a biodiversidade de diferentes biomas, incluindo Amazônia, Mata Atlântica, cerrado, caatinga e pantanal. Os exemplares incluem holótipos, parátipos e espécimes representativos de platelmintos, nematoides e acantocéfalos.

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