31/03/2021
Renata Fountora (Fiocruz Paraná)
Com o objetivo de identificar as linhagens do Sars-CoV-2 que circulam no estado do Paraná, o Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná) realizou o sequenciamento genômico de 80 amostras de pacientes paranaenses infectados com a Covid-19. O resultado do estudo, que é parte das ações da Rede Genômica da Fiocruz, identificou várias amostras com presença da linhagem P.1, variante brasileira originária do estado do Amazonas e que circula desde o final do ano passado no Brasil. A pesquisa foi feita em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Laboratório Central (Lacen-PR), o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e a Secretaria Estadual de Saúde
“A Rede Genômica da Fiocruz realiza a análise de amostras de todo o país. No entanto, os dados dos relatórios de meses anteriores foram processados no campus da Fundação no Rio de Janeiro. A novidade é que trouxemos essa competência para o Instituto Carlos Chagas e conseguimos uma amostragem recorde e números mais precisos e abrangentes. Além disso, são amostras muito recentes, das primeiras semanas do mês de março, o que traz um cenário bem atual sobre a circulação do vírus”, explica o pesquisador do Laboratório de Ciências e Tecnologias Aplicadas em Saúde da Fiocruz Paraná, Helisson Faoro, que coordenou a pesquisa.
Para a seleção das amostras, foram definidos dois grupos dentro de cada Macrorregião do estado. Um grupo composto pelos municípios sede das Regionais de Saúde e um segundo com os demais municípios que compõem a Macro, com exceção da Macrorregional Leste, onde foi criado um grupo adicional para o município de Curitiba e Região Metropolitana.
Foi definida a alocação igual de 24 amostras por Macrorregião, e sorteio aleatório das amostras para os grupos pré-definidos em cada Macro. Das 80 amostras viáveis em que o sequenciamento foi realizado, a variante mais frequentes foi a P.1, seguida por B.1.1.28 e P.2. Ambas variantes P.1 e P.2 são derivações da variante B.1.1.28. Além disso, também foram identificadas variantes do Reino Unido (B.1.1.7), entre outras.
“A variante P.1 surgiu no estado do Amazonas e se espalhou por todo o território brasileiro. Sempre reforçamos a importância das medidas protetivas, como lavar as mãos e utilizar máscaras, e o isolamento social, já que essa linhagem possui um poder maior de infectividade”, alerta Helisson.
“Pretendemos trabalhar com este quantitativo de até 100 amostras nos próximos três ou quatro relatórios, além de reduzir a janela de dias entre as amostras analisadas. Neste estudo específico os testes analisados foram escolhidos em um período de três dias”, declara o diretor da Fiocruz Paraná, Bruno Dallagiovanna.
Rede Genoma Fiocruz
A Rede Genômica da Fiocruz coordena um esforço nacional de pesquisa que busca decodificar o genoma do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, e acompanhar suas linhagens e mutações genéticas. A iniciativa reúne especialistas de todas as unidades da Fundação no país e de institutos parceiros se empenham diariamente em gerar dados mais robustos sobre o comportamento do vírus e contribuir para um melhor preparo do país no enfrentamento da pandemia em termos de diagnóstico mais precisos e vacinas eficazes.
O grupo participa da iniciativa internacional de acesso aberto a informações sobre genomas de vírus influenza e coronavírus, o GISAID, sendo um dos grupos curadores da iniciativa na América do Sul. Saiba mais sobre a iniciativa e acompanhe os relatórios mensais.