Agência Fiocruz de Notícias

Crianças indígenas da Aldeia Central Karitiana, que fica a aproximadamente 100 quilômetros do município de Porto Velho-RO, receberam (10/2) uma ação em conjunto para a vacinação da população infantil contra a Covid-19. O evento fez parte das programações alusivas ao início da campanha de vacinação de crianças indígenas, em Rondônia.

Diante da diversidade de informações que circulam nas redes sociais e até mesmo do avanço de notícias falsas envolvendo a vacinação de crianças, “é extremamente necessário esse acompanhamento, pois muitos parentes apresentam uma certa resistência à vacinação, mas com as palestras que vêm sendo realizadas e o trabalho em parceria com a Fiocruz Rondônia, nossas famílias acabam se sentindo mais seguras e confiantes”, relata Aurélio Tenharim, assessor técnico do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei/Porto Velho) e Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi).

Atualmente, 9 aldeias (sendo uma em processo de reconhecimento) estão na área de abrangência da Casa de Saúde Indígena (Casai) Polo Base Porto Velho, que organizou a mobilização em parceria com o Dsei/Porto Velho, Condisi e o Escritório Técnico da Fiocruz Rondônia. De acordo com Marisa Ferreira, responsável pela Casai/Porto Velho, o público-alvo total a ser imunizado contra a Covid-19, sob a área de abrangência do Polo Base Porto Velho, é de 350 indígenas das etnias Karitiana, Kassupá e Karipuna. Deste total, 45 são crianças com idades entre cinco e 11 anos, que devem ser imunizadas na campanha de vacinação infantil nas aldeias. 

Em nota, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, responsável pela vacinação dos povos aldeados, informou que atua em territórios indígenas por meio de 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, espalhados pelo país. Os territórios estão estabelecidos para além dos limites estaduais ou municipais. Isto significa que um Dsei pode atuar em dois ou mais estados e ultrapassar os limites de uma cidade. No caso do estado de Rondônia, atuam dentro do seu limite territorial: o Dsei Porto Velho e Dsei Vilhena. Em Porto Velho, a meta do Dsei é imunizar 2.135 crianças, de cinco a 11 anos, já no Dsei Vilhena 1.260 crianças indígenas devem ser vacinadas contra a Covid-19.

Parcerias ampliadas

Com vasta experiência no atendimento à população indígena em Rondônia, Marisa Ferreira reforça o empenho das equipes de saúde para a conscientização da população indígena em relação à vacinação contra a Covid-19, “os povos indígenas têm seus costumes e tradições, e procuram mantê-los como uma forma de perpetuarem a sua cultura, preservam o conhecimento da medicina tradicional da floresta e buscam estratégias de transmitir esse conhecimento aos mais novos, por isso, é importante esse trabalho de conscientização sobre a vacinação entre adultos e crianças”, declara a responsável pela Casai de Porto Velho.

Soraya da Silva Nogueira, Coordenadora Técnica do Polo Base Porto Velho, destaca “a relevância social da Fiocruz Rondônia como instituição de pesquisa e ensino dedicada a esclarecer e desmistificar notícias falsas, amplamente divulgadas em mídias sociais, o que acaba prejudicando a adesão à vacinação por parte da população indígena historicamente vulnerável às doenças”. Para a enfermeira Graziele de Paiva Wermuth, representante do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei/Porto Velho), “a pandemia ainda se faz presente, inclusive dentro dos territórios indígenas, nesse sentido parcerias como esta, com a Fiocruz Rondônia, são fundamentais para o fortalecimento das ações de saúde e a confiança dos povos indígenas, em relação ao enfrentamento da doença”.

No evento de abertura da campanha de vacinação, a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Rondônia, Deusilene Vieira, que integra a Rede de Vigilância Genômica do Sars-CoV-2, ministrou uma palestra à comunidade indígena e profissionais de saúde sobre a importância da vacinação como medida altamente segura e eficaz contra a disseminação da Covid-19. Segundo Deusilene Vieira, “a vacina estimula o organismo a produzir células de defesa para proteger as crianças das formas mais graves da doença, além de protegê-las também das principais variantes de preocupação que estão em circulação em nosso estado no momento”. 

A pesquisadora salienta, ainda, que os pais e responsáveis têm grande contribuição na conscientização dos pequenos sobre a necessidade da vacinação contra a Covid-19, para o controle da pandemia, e no combate à desinformação.