10/06/2020
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) está conduzindo um projeto brasileiro para o desenvolvimento de uma vacina sintética para o novo coronavírus (Sars-CoV-2). Os estudos agora avançam para a fase pré-clínica, na qual aspectos de segurança são avaliados em modelo animal. A forma sintética da vacina foi escolhida por ser mais rápida, em comparação às metodologias tradicionais, pelo custo reduzido de produção, pela estabilidade da vacina para armazenagem e por não precisar de instalações de biossegurança nível 3 para as primeiras etapas de desenvolvimento (sendo necessárias somente a partir dos estudos pré-clínicos).
Mesmo em processo acelerado de desenvolvimento tecnológico e com resultados positivos em todas as etapas futuras, a vacina nacional de Bio-Manguinhos/Fiocruz não chegará ao registro antes de 2022. O projeto da Fiocruz soma-se a outras iniciativas institucionais nacionais, que incluem a avaliação e discussão de diferentes modelos de desenvolvimento e visam contribuir para a produção brasileira. O Ministério da Saúde indicou a Fiocruz, por meio de Bio-Manguinhos, como a instituição com capacidade de avaliar as tecnologias e estabelecer parcerias com os principais desenvolvedores mundiais, visando o desenvolvimento clínico e a produção em suas instalações, com futura distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A vacina sintética tem como base biomoléculas ou peptídeos antigênicos de células B e T, ou seja, contém pequenas partes de proteínas do vírus Sars-CoV-2 capazes de induzir a produção de anticorpos específicos no processo de defesa do organismo. Bio-Manguinhos/Fiocruz identificou essas biomoléculas em modelo computacional (in silico) e estas foram produzidas por síntese química e validadas “in vitro”. Os peptídeos foram acoplados em nanopartículas, que funcionam como uma forma de “entrega” ao sistema imune, ativando sua defesa.
Nesta próxima etapa, serão feitas formulações vacinais com essas biomoléculas acopladas em nanopartículas, para avaliação “in vivo”, onde serão obtidos os primeiros resultados relacionados à imunidade conferida ao novo coronavírus. A partir dos resultados dos estudos pré-clínicos, parte-se para a fase dos estudos clínicos de fases I, II e III (testes com seres humanos).
Bio-Manguinhos/Fiocruz também trabalha com um projeto de desenvolvimento tecnológico de uma vacina, ainda em fase preliminar, com base em uma plataforma de subunidade, ou seja, que utiliza somente fragmentos de antígenos capazes de estimular a melhor resposta imune. Esta abordagem testa diferentes construções da proteína S, que é a principal proteína para a ligação do vírus Sars-CoV-2 nas células do paciente, e é responsável pela geração de anticorpos protetores/neutralizantes.