A Fiocruz participou, nesta sexta (29/1), do Dia da Faxina, campanha do governo federal com o objetivo de chamar a atenção para a necessidade de ações preventivas contra o Aedes aegypti em órgãos públicos, escolas e residências. A atividade foi realizada em todos os campi da Fundação no Distrito Federal e nos dez estados onde a Fiocruz tem sede em todo o país. No campus de Manguinhos, no Rio de Janeiro, a iniciativa contou com a presença do presidente da instituição, Paulo Gadelha, de membros do Conselho Deliberativo, de agentes de inspeção sanitária e de líderes comunitários de áreas próximas.
Presidente da Fiocruz participa do 'Dia da Faxina' no 'campus' de Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro (foto: Peter Ilicciev)
Em seu discurso de abertura do evento, realizado no Centro de Recepção do Museu da Vida às 12h, Gadelha, debruçando-se sobre a maquete do campus, enfatizou a complexidade da missão de erradicar o mosquito transmissor dos vírus chikungunya, dengue e zika da área da Fundação de cerca de 800 mil metros quadrados – segundo o próprio, uma versão em miniatura do desafio enfrentado pelo próprio país. “Temos aqui apenas um recorte da cidade do Rio de Janeiro. Temos áreas verdes, enormes prédios. Em cada um desses espaços, há a possibilidade da existência de focos de mosquito, o que significa que o combate ao Aedes exige um trabalho intensíssimo e não pode ser apenas responsabilidade de especialistas e de profissionais pagos para realizar essa tarefa. Também deve – e pode ser aprendido – por todo cidadão em suas casas e trabalhos”, afirmou.
Gadelha observa agentes sanitários realizarem vistoria para procura de possíveis focos do Aedes (foto: Peter Ilicciev)
Segundo Gadelha, para o combate em seus campi, a Fiocruz, além de ter profissionais específicos para a atividade, atua também em conjunto com comunidades próximas. Em janeiro, em Manguinhos, uma ação articulada entre a Fundação, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e o Conselho Comunitário de Manguinhos promoveu o mutirão de combate ao mosquito. “Há já muitos anos, vivemos na Fundação uma relação muito estreita de trabalho e cooperação com comunidades próximas a nossas sedes. Temos uma forma permanente de não apenas fazer pesquisa sobre a presença do vetor Aedes aegypti no campus de Manguinhos, mas também de ter uma atividade de controle direto desses focos”, comentou.
Referindo-se à comunidade de Manguinhos, próxima ao campus, Gadelha observou que o enfrentamento ao mosquito envolve questões da sociedade brasileira relacionadas à precariedade de serviços como saneamento básico, tratamento de lixo e acesso à informação. “Estas condições no nosso entorno são muito mais arriscadas e danosas do que a que temos aqui em nosso campus em Manguinhos. E é por isso que estamos aqui somando esforços”, disse.
Após a fala do presidente, a líder comunitária da favela Parque Oswaldo Cruz, Simone Quintella, discursou representando as 17 comunidades do complexo de Manguinhos. Quintella reforçou a necessidade do envolvimento de autoridades de saúde pública no enfrentamento ao mosquito. “Estamos muito preocupados com a situação em Manguinhos. Temos um problema muito sério com o lixo, e precisamos de um forte trabalho de mobilização. A Fiocruz já atua em nosso território, mas precisamos de ainda mais energia nesta situação. Precisamos também de uma articulação com prefeitura e estado”, destacou Simone.
Agentes sanitários analizaram possíveis poças, realizaram aspirações preventivas e efetuaram vistorias em bromélias no campus da Fiocruz em Manguinhos (foto: Peter Ilicciev)Além de Gadelha e Simone, discursaram o supervisor do controle de vetores no campus, João Carlos Cardoso, e Gerusa Gibson, que coordena o Núcleo Operacional Sentinelas de Mosquitos e Vetores do Instituto Oswaldo Cruz (Nosmove/Fiocruz). Cada um deles contou um pouco das atividades realizadas no dia a dia, que incluem aspiração de mosquitos, monitoramento e eliminação de possíveis focos.
Depois das apresentações, foi a hora da passagem à prática: agentes sanitários analizaram possíveis poças, realizaram aspirações preventivas e efetuaram vistorias em bromélias. Em uma delas, foi encontrado um alerta do desafio que o país enfrenta: uma pupa, estágio intermediário entre a larva e o mosquito. A amostra foi enviada para análise, para se averiguar se realmente se tratava de um Aedes aegypti.