Agência Fiocruz de Notícias

O mestre e doutorando em saúde pública pela Fiocruz Pernambuco Onício Batista Leal Neto, conquistou o Prêmio Ciência e Tecnologia para o SUS – 2014, do Ministério da Saúde, na categoria Mestrado. O trabalho Schisto Track - Um sistema para coleta e monitoramento de inquéritos epidemiológicos conectando sistemas de informações geográficas em tempo real foi orientado pela pesquisadora Constança Simões Barbosa, do Departamento de Parasitologia da Fiocruz Pernambuco e coorientado pelo professor Jones Albuquerque, da Universidade Federal Rural de Pernambuco. O anúncio da premiação ocorreu em Brasília, durante o evento Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde: resultados e avanços de pesquisas estratégicas para o SUS, em 12 de novembro.

O prêmio teve 460 inscritos, distrinuidos em quatro categorias: trabalho científico publicado; especialização ou residência; dissertação de mestrado; e tese de doutorado. Dentre eles, 87 passaram na primeira fase e 23 chegaram à final. Onício Neto concorreu com outros cinco finalistas e recebeu a premiação das mãos do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz.

O Schisto Track é um aplicativo que põe fim às pranchetas usadas por agentes de saúde para coletar dados epidemiológicos em trabalhos de campo. Desenvolvido em plataforma Android, a ferramenta pode ser utilizada em tablet ou smarthphone e permite a coleta e a transmissão de informações em tempo real, utilizando-se internet 3G ou uma rede wifi. No caso da coleta ocorrer em área sem cobertura de internet, os dados são transmitidos para um banco de dados assim que o acesso à web aconteça.

Além de permitir a análise da evolução da doença com mais rapidez, o Schisto Track gera mais segurança por evitar erros de transcrição e a perda de dados. “No processo tradicional, o coletador preenche uma ficha na prancheta, depois transcreve os dados para uma planilha, em seguida para um boletim de análise de laboratório e por fim emite o laudo”, explica Onício. A ferramenta também permite fazer o georrefereciamento das informações. “Uma vantagem adicional é que esse instrumento permite a coleta e análise dos dados em curto prazo, o que possibilita pensar rapidamente em possíveis estratégias de intervenção da doença”, completa Constança Simões Barbosa, orientadora da pesquisa. Para o vice-diretor de Pesquisas, Desenvolvimento Tecnológico e Serviços de Referência da Fiocruz PE, Osvaldo Pompílio Neto, a premiação obtida por Onício “reflete a qualidade dos trabalhos desenvolvidos na instituição e seu compromisso de desenvolver pesquisas e tecnologias que gerem benefícios à sociedade, devendo o exemplo desse trabalho ser seguido”. 

Até aqui o uso desse aplicativo tenha sido direcionado para a esquistossomose - com levantamento de dados sobre o criadouro de caramujos, do domicílio e do morador - ele pode ser adaptado para inquéritos de qualquer outra doença. Em 2013, a ferramenta foi usada na expedição realizada pelo Serviço de Referência Regional em Esquistossomose da Fiocruz PE, para atualizar o mapa dos focos e dos criadouros de caramujos transmissores da esquistossomose no litoral do estado.

Como desdobramento do Schisto Track surgiu a empresa Epitrack, que trabalha com inovação em epidemiologia para instituições públicas de saúde. Um dos seus produtos é a ferramenta Saúde na Copa, que foi utilizada na Copa do Mundo deste ano, pelo Ministério da Saúde. O aplicativo permitiu aos turistas ajudar os técnicos do Sistema Único de Saúde (SUS) a detectar possíveis surtos durante o evento. “A pessoa marcava os sintomas que estava sentindo e o sistema fazia uma classificação para saber que doença poderia ser. Se muitas pessoas apresentassem os mesmos sintomas na mesma área, poderíamos estar diante de um surto”, explica Onício. O aplicativo foi baixado nove mil vezes, teve 7 mil usuários e chegou a 47 mil registros em dois meses.