31/03/2021
Daniela Rangel (Agência Fiocruz de Notícias)
A presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade Lima, participou de uma live promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para esclarecer dúvidas do público sobre a pandemia de Covid-19. Além da presidente, estavam respondendo às questões a diretora-geral assistente da OMS para Acesso a Remédios e Vacinas, Mariângela Simão, e o diretor-assistente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa da Silva Junior. Os principais questionamentos foram relacionados a vacinas e às variantes do novo coronavírus que estão circulando pelo Brasil e em outros países.
Presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima participou de uma live promovida pela OMS (imagem: Divulgação)
“Cerca de 18 milhões de pessoas tomaram a primeira dose no país, ainda há um longo caminho a percorrer se pensarmos que a meta é vacinar 170 milhões de brasileiros”, disse Nísia. A presidente afirmou que a partir de abril a vacinação vai se intensificar e que, além das duas vacinas que estão disponíveis hoje (a Coronavac, do Instituto Butantan, e a Vacina Covid-19 Fiocruz) já há acordos do Ministério da Saúde com empresas para aquisição de mais imunizantes. Nísia comentou, ainda, que será pedida autorização para realizar testes em crianças e adolescentes no Brasil com o imunizante produzido pela Fiocruz, mas ainda sem previsão para que isso aconteça. A Universidade de Oxford, que desenvolveu a vacina, iniciou os estudos neste público no Reino Unido em fevereiro.
Mariângela Simão resumiu a situação atual da pandemia ao dizer que, embora no início do ano houvesse certo otimismo, pois havia queda de casos e mortes no mundo, essa visão se reverteu rapidamente: “A pandemia recrudesceu e estamos vivendo uma fase bastante aguda, especialmente nas Américas, onde está quase metade dos casos no mundo. Temos, além de uma falsa sensação de segurança com a chegada das vacinas, uma fadiga com relação às medidas preventivas”.
Nesse sentido, os participantes da live foram unânimes, é extremamente importante continuar com as ações de distanciamento físico, uso de máscaras e sem aglomerações. Ao ser perguntada sobre como poderiam ser as comemorações da Páscoa, a presidente da Fiocruz destacou que deve haver muita cautela, devido ao momento crítico que o país atravessa com a pandemia. “Tem que se pensar que os laços sociais nesse momento vão ocorrer sem a proximidade física. Pessoas que vivem na mesma casa podem fazer a celebração juntas, mas não se pode, de maneira nenhuma, promover festas e aglomerações. A Páscoa é um momento de solidariedade, de pensar no autocuidado e o cuidado com o outro”, explicou.
O diretor-assistente da Opas, Jarbas Barbosa da Silva Junior, ressaltou que as medidas de prevenção são as mesmas com as variantes do vírus e que a melhor maneira de diminuir a transmissão é com acesso à vacinação: “A vacina é uma resposta de médio prazo, com otimismo, o que vai salvar vidas são as medidas de proteção para evitar esse ciclo de crescimento da contaminação”. O diretor-assistente também destacou que as vacinas existentes se mostram eficazes contra as variantes e aproveitou para falar sobre a necessidade de um esforço mundial nesse momento. “Mesmo que um país rico consiga controlar o número de casos da doença, se os outros países continuam com transmissão acelerada, todo o esforço pode ir por água abaixo, a solidariedade na resposta à pandemia não é só um princípio ético e moral, é a maneira de vencer a pandemia”, afirmou Silva Junior.
No final do evento, Nísia aproveitou para falar sobre o que vai ficar de aprendizado deste período. “A pandemia trouxe novas desigualdades, além de reforçar as já existentes, por isso é preciso pensar a sociedade pós-pandemia mais solidária e com o fortalecimento do sistema de saúde e do sistema de proteção social, em todo o mundo”, finalizou a presidente da Fiocruz.