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30/06/2011

Estudo investiga prevalência de HPV em populações da Amazônia Oriental brasileira

Renata Moehlecke


Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2010 estima-se que o Brasil teve mais de 18 mil novos casos de mulheres com câncer do colo do útero, sendo quase 2 mil relacionados à Região Norte. O Pará foi considerado uma das áreas mais acometidas pela doença. Cientes do problema, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) resolveram investigar fatores associados à infecção genital pelo vírus HPV, um dos principais causadores de lesões no colo do útero, em população urbana e rural de duas regiões da Amazônia Oriental. Os resultados, publicados na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, apontaram uma prevalência geral de HPV de 14,6% e que as estratégias preventivas a serem aplicadas devem ser específicas para cada população.


 Imagem estilizada do HPV

Imagem estilizada do HPV


Participaram do estudo 444 mulheres atendidas na unidade materno-infantil do Centro de Ciências Biológicas da UFPA. A pesquisa indicou que mulheres jovens da zona rural (de 13 a 25 anos), solteiras, separadas ou viúvas apresentaram uma probabilidade 4,3 vezes maior de contrair uma infecção por HPV do que as que moram com os companheiros ou são casadas. O hábito de fumar também apresentou prevalência 6,9 vezes maior em relação às não fumantes. Além disso, os pesquisadores afirmam que houve uma maior prevalência entre mulheres de mais de 45 anos na amostra da área urbana.


De acordo com os estudiosos, a maior probabilidade da doença entre adolescentes e jovens se deve ao período de iniciação da vida sexual, a rotatividade de parceiros nessa época, ao uso irregular de métodos contraceptivos e a falta de procura a serviços de saúde com a mesma regularidade que as mulheres mais velhas para fins preventivos. No caso das mulheres com mais de 45 anos, as principais razões indicadas foram a provável perda gradual da imunidade no período pós-menopausa e uma possível aquisição de infecções provenientes de novos parceiros sexuais após separações e divórcios.


“Acredita-se que os resultados obtidos neste estudo podem subsidiar a reorganização de estratégias voltadas à saúde da mulher no tocante à prevenção e ao manejo específico da infecção por HPV tendo em vista as particularidades de cada grupo etário e seu local de trabalho e residência”, comentam os pesquisadores. “O maior conhecimento por parte da mulher, sobre as formas de aquisição, fatores de risco e frequência da infecção por HPV em grupos etários e populacionais distintos pode, provavelmente, contribuir para que ela tenha maior percepção em relação ao seu risco de desenvolver lesões pré-neoplásicas cervicais e estimular modificações de comportamentos e estilos de vida considerados de risco”.


Publicado em 29/6/2011.

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