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31/10/2019

Febre amarela: evento debate eliminação de epidemias no mundo

Opas Brasil


Especialistas, membros de países, fabricantes de vacinas e outros parceiros de todo o mundo estiveram reunidos, em Brasília, Brasil, para ajudar a garantir que mais de 1 bilhão de pessoas estarão protegidas contra a febre amarela até 2026. O evento, com 137 participantes, é organizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em conjunto com o Secretariado da estratégia Eliminate Yellow Fever Epidemics (EYE) da Organização Mundial da Saúde (OMS), Unicef e Gavi – The Vaccine Alliance. A Fiocruz participou do evento com os pesquisadores Ana Bispo e Luiz Alcântara, do Laboratório de Flavivirus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); Ricardo Lourenço, do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC/Fiocruz; Olindo Assis Martins-Filho, da Fiocruz Minas; Priscila Ferraz Soares, Denise Lobo Crivelli e Tatiana Noronha, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz); e Marcia Chame, da Plataforma Biodiversidade e Saúde Silvestre/PR. 

Evento teve como principal objetivo garantir que mais de 1 bilhão de pessoas estarão protegidas contra a febre amarela até 2026 (foto: Opas)

 

A reunião anual dos parceiros da estratégia EYE 2019 começou na última segunda-feira (28/10), com discussões sobre realizações, desafios e o caminho a seguir no futuro. Para a cerimônia de abertura, o diretor-geral assistente de resposta a emergências da OMS, Ibrahima Socé Fall, enfatizou a persistência do risco de surtos e disseminação da febre amarela. “Há muito trabalho a ser feito. Felizmente, temos um plano. A implementação de campanhas de vacinação em massa deve ser acelerada. Nossos parceiros e todos os países partes precisam estar totalmente engajados para garantir a eliminação das epidemias de febre amarela no mundo até 2026”. Ele também agradeceu aos participantes pelo compromisso com a estratégia e destacou que esse trabalho é crucial para proteger a saúde e a vida das pessoas.

Socorro Gross, representante da Opas e da OMS no Brasil, ressaltou que a febre amarela é um grande desafio e que todas as pessoas precisam ser. Ela também disse que as lições aprendidas no Brasil devem ser compartilhadas com o mundo. “Realizar esta reunião aqui no Brasil tem um significado muito especial, porque o país conseguiu enfrentar surtos exitosamente nos últimos quatro anos. Seja por suas estratégias para atingir as populações mais vulneráveis. Seja por ações de laboratório e vigilância. Seja por suas estratégias de imunização, incluindo o uso de doses fracionadas”.

Esse resultado, acrescentou o coordenador de Vigilância de Arbovírus do Ministério da Saúde do Brasil, Rodrigo Said, deve-se ao trabalho conjunto dos níveis federal, estadual e municipal. “Se não fosse por esse esforço coletivo, tenho certeza de que nosso cenário teria sido muito pior. Hoje, temos uma melhor resposta laboratorial, melhores serviços organizados, melhores cuidados de saúde para os pacientes, modelos de vigilância capazes de prever e identificar epizootias, além de uma capacidade maior de intensificar ações nas áreas em que o vírus está circulando”.

Robin Nandy, chefe de Imunização do Unicef, destacou a importância de trabalhar de maneira mais integrada para obter resultados efetivos. “A tendência global é se afastar do foco puramente vertical na doença para uma abordagem mais horizontal do sistema. Não queremos estar em uma situação em que hoje lidamos com a febre amarela em uma área geográfica e temos surtos de sarampo nas mesmas áreas um ou dois anos depois, tudo devido às mesmas lacunas em nossa capacidade de fornecer serviços de imunização”. Ele acrescentou que, em vez disso, é fundamental garantir que os programas verticais, que servem para lidar com riscos específicos de doenças, também possam dar contribuições valiosas ao fortalecimento dos sistemas de saúde e, portanto, mitigar o risco de todos os surtos de doenças evitáveis por vacinas a longo prazo.

Pesquisadores da Fiocruz participaram do evento que ocorreu em Brasília (foto: Divulgação)

 

Laurence Cibrelus, líder do Secretariado da EYE, afirmou que os próximos passos agora devem incluir uma articulação mais forte entre os mecanismos globais e regionais; plataformas e ferramentas aprimoradas para engajamento contínuo dos parceiros e contribuições personalizadas planejamento de contingência mais forte e engajamento de países/parceiros para obtenção do máximo impacto no nível nacional. “Temos os mecanismos, temos os meios para a estratégia avançar, alcançamos resultados notáveis, mas os desafios permanecem. Esta reunião é para discutir como avançar mais rapidamente, com um engajamento mais forte e contribuições ativas. Precisamos envidar esforços conjuntos para responder à urgência de prevenir surtos de febre amarela”.

África e Américas

Os especialistas da Opas e do Escritório Regional para a África da OMS (Afro) também apresentaram atualizações sobre a situação epidemiológica de suas regiões, bem como os progressos e desafios da implementação da EYE. Mamoudou Djingarey, gerente da área de programas para gerenciamento de riscos infecciosos do Afro, disse que ainda existem muitos empecilhos na implementação em escala da estratégia, incluindo a importância de “reconhecer o aumento dos riscos relacionados às epidemias de febre amarela como uma ameaça à segurança da saúde global e a necessidade de assegurar um suprimento de vacinas suficiente para atender à demanda mundial”.

Sylvain Aldighieri, vice-diretor de Emergências em Saúde da Opas, apontou algumas das lições aprendidas e o cenário recente nas Américas. “A imunização é a chave; a vigilância de epizootias permite antecipar casos em humanos com aproximadamente um mês de antecedência; é essencial garantir conhecimento atualizado para melhor gerenciamento clínico no nível de atenção primária à saúde; e, muito importante, nenhum vírus da febre amarela foi detectado nos mosquitos Aedes aegypti (o que poderia indicar uma transmissão urbana mais arriscada da febre amarela na região)”.

Estratégia

A Estratégia EYE foi desenvolvida após o surto sem precedentes que atingiu Angola em 2016 e depois se espalhou para o país vizinho, a República Democrática do Congo. Foi a primeira vez que casos de febre amarela foram registrados na Ásia (11 trabalhadores chineses infectados em Angola retornaram à China). A iniciativa foi desenvolvida em colaboração com mais de cinquenta parceiros para atingir países e regiões mais vulneráveis a surtos de febre amarela e combater o risco de epidemias urbanas, que aumentou devido a alterações na epidemiologia causadas por fatores como degradação ambiental e mudanças climáticas.

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