25/03/2019
Julia Dias (Agência Fiocruz de Notícias)
A tuberculose é um dos principais problemas de saúde do Timor-Leste. A doença é uma das maiores causas de morte no país, que enfrenta uma das mais altas taxas de incidência o mundo, com uma estimativa de 498 casos por 100 mil habitantes e um total de 6.500 casos e 1.400 mortes em 2017. Buscando enfrentar esse desafio, o governo da Região Administrativa Especial de Oé-Cusse Ambeno (RAEOA) solicitou apoio técnico da Fiocruz para a elaboração de um Plano de Ação para a eliminação da tuberculose na região até 2035. Eliminar a doença no mundo é uma das metas da Agenda 2030 da ONU.
A cooperação foi solicitada à presidência da Fiocruz pelo ex-primeiro-ministro de Timor-Leste e atual presidente da RAEOA, Mari Alkatiri, e tem como objetivo do desenvolvimento e fortalecimento de um sistema de saúde regional integrado e robusto, em uma perspectiva que possa servir de modelo para Timor-Leste.
“A tuberculose é um problema grave também no Brasil e, mais do que um problema médico, é um problema que passa pela nutrição, pelas condições das habitações e pela educação e pela cultura”, afirmou a especialista da Fiocruz Patrícia Canto, que visitou o país em fevereiro para conhecer as instalações de saúde.
Pesquisadores da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (Vpaaps/Fiocruz), do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) e Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e integrantes do Grupo de Trabalho Tuberculose em Manguinhos foram responsáveis pela elaboração do Plano. O Grupo de Trabalho (GT) envolve diversas unidades da Fundação, além de profissionais de outras instituições, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e secretarias estaduais e municipais.
O Plano foi lançado no dia 25 de março, na esteira do Dia Mundial de Luta contra à Tuberculose, com a presença de autoridades locais. As ações são divididas em dois momentos. O primeiro é uma restruturação do sistema de saúde local, com foco na atenção básica; já o segundo tem foco específico na doença, com ações de busca ativa de pacientes e participação comunitária.
“É preciso educar para a prevenção e é preciso combater o estigma e o preconceito que rodeiam os doentes e as suas famílias e que, muitas vezes, são responsáveis por atrasar o diagnóstico e o tratamento da tuberculose”, explicou Patrícia, que tem mais de 20 anos de experiência na área.
A Fiocruz pretende continuar a parceria com o país e deve criar um GT interno para discutir o apoio à estruturação das políticas de saúde local e à luta contra a tuberculose. A cooperação com o Timor-Leste foi possível através da articulação da Fiocruz com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério de Relações Exteriores.