30/06/2016
O Zika in Brasil Real Time Analysis (Zibra), projeto itinerante de mapeamento genômico do vírus zika, encerrou seu percurso no dia 17/6, em Salvador. Até o momento, foram analisadas amostras de 1.247 pacientes que tinham perfil clínico da doença. Destas, 15% tiveram resultado positivo para o vírus. Na Bahia, os testes foram realizados em amostras de 172 pacientes (sangue, urina e saliva), coletadas pela Secretaria de Saúde de Feira de Santana e pelo Hospital Irmã Dulce, em Salvador. O resultado foi de 18 pacientes positivos para zika. Cerca de 700 mosquitos também foram analisados.
Além da capital baiana, o projeto passou por mais cinco cidades do Nordeste: Natal (RN), João Pessoa (PB), Recife (PE), Maceió (AL) e Feira de Santana (BA), coletando amostras e realizando a análise genômica do zika, em um laboratório móvel contendo equipamentos de última geração. As pesquisas continuam em laboratório fixo, com as atividades de sequenciamento do genoma do vírus. O objetivo é atingir a marca de 750 cepas.
Segundo Luiz Alcântara, pesquisador da Fiocruz Bahia e coordenador do Zibra, o estudo permite que os cientistas entendam melhor as características genéticas do vírus e tracem quais mutações estão associadas a ele, desde o seu surgimento. Os dados de diagnóstico molecular foram entregues aos Lacens, ao laboratório referência de diagnóstico da Fiocruz Pernambuco e à coordenação de vigilância epidemiológica da secretaria de Saúde de Feira de Santana.
Ainda de acordo com o pesquisador, as amostras colhidas no ano de 2015 têm tido maior positividade no resultado, embora a maioria tenha sido de 2016. "Com a finalização do sequenciamento, vamos realizar a análise epidemiológica e evolutiva dos dados, os relatórios serão enviados às instituições participantes e ao Ministério da Saúde e vamos dar início à programação da segunda edição do Zibra, o primeiro funcionou como projeto piloto", afirmou.
Inspirado na experiência da análise genômica do ebola na África, durante o surto de 2014-2015, a análise das amostras foi feita através do OxfordNanopore MinION device, um sequenciador de DNA, de apenas 100g, que pode ser carregado por USB de um computador portátil. O equipamento é capaz de sequenciar 12 amostras simultaneamente em seis horas.
Um seminário foi realizado na ocasião do encerramento, no auditório da Fiocruz Bahia, pelos pesquisadores, que apresentaram os dados do projeto e aprofundaram as discussões na temática zika. De acordo com o integrante do Zibra, Moritz Kraemer, da Universidade de Oxford, em 2015, 93% dos casos de zika aconteceram no Brasil. "Essas pesquisas também vão ajudar a entender a magnitude de transmissão da doença e a associação do vírus aos riscos de microcefalia e desenvolvimento de anormalidades no sistema nervoso central, como a síndrome de Guillain-Barré", explicou o pesquisador.
Acesse o site do projeto.