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14/03/2018

Fiocruz e instituições planejam ações de combate à febre amarela

Keila Maia (Fiocruz Minas)


Alinhar novas estratégias de atuação conjunta visando fortalecer a pesquisa, o desenvolvimento e inovação, no estado de Minas Gerais e no país, para o enfrentamento da febre amarela foi o objetivo de uma reunião realizada na manhã desta segunda-feira (12/3), na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Articulado pela Fiocruz Minas e Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o encontro contou com a presença de dirigentes das duas instituições e ainda da Fapemig, da Secretaria de Estado de Planejamento de Minas Gerais (Seplag-MG), da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e do Hospital Eduardo de Menezes, da rede Fhemig. Também estiveram presentes representantes da Presidência da Fiocruz e da Coordenação de Vigilância e Laboratórios de Referência, além dos diretores do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz). Pela Fiocruz Minas, participaram a direção e o Núcleo de Desenvolvimento Tecnológico (NIT).

O presidente da Fapemig, Evaldo Ferreira Vilela, abriu as atividades. Durante seu pronunciamento, ele destacou a importância de estreitar os laços entre os envolvidos no enfrentamento da epidemia como forma de lidar com as limitações de recursos financeiros. “Há uma série de problemas que precisam ser solucionados e, para isso, é necessário termos projetos bem elaborados e objetivos, que deem respostas para esses problemas. Neste momento, diante do agravamento da situação, o carro chefe da pesquisa deve ser a busca por soluções”, afirmou.

O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Nalton Moreira, destacou a necessidade de unir esforços, uma vez que a doença vem atingindo um número cada vez maior de municípios. Ele lembrou que Minas Gerais é um estado que dispõe de 853 municípios e, no momento, muitas das cidades atingidas têm grande extensão territorial e com boa parte da população rural. “Para fazermos frente a tantos problemas, reuniões como essas, com pessoas qualificadas, é extremamente importante. Já desde o ano passado, temos atuado em parceria com a Fiocruz, o que tem sido fundamental para encarar os desafios que se apresentam”, declarou.

O vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Corrêa, reforçou a necessidade de criar um consórcio para discutir soluções, que envolvam não apenas o Ministério e a Secretaria de Saúde, mas também outras áreas. Segundo Corrêa, trata-se de uma questão com impactos em diferentes esferas, como por exemplo, na área ambiental, uma vez que um grande número de primatas não humanos vem sendo atingido. “Atuar em conjunto, trabalhando com consórcio e não com unidade, é importantíssimo. Porque são muitas questões a serem solucionadas e ficaria pesado se deixar nas mãos de uma secretaria só, um ministério só”, salientou.

O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, Paulo Beirão, enfatizou que as chamadas públicas devem ter o foco na solução dos problemas, destacando que a febre amarela é uma questão com dimensões internacionais. “Precisamos identificar quais são os questionamentos que precisam de respostas. É em relação ao vetor? Em relação à vacina? Quais são as perguntas a serem respondidas? É preciso fazer esse exercício e, assim, elaborar chamadas públicas visando financiar projetos que possam solucioná-las”, afirmou.

Apresentações

Para contextualizar as discussões, o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da SES-MG, Rodrigo Said, apresentou dados sobre a situação da febre amarela no estado. Entre final de 2016 até a semana passada (março de 2018), foram confirmados 795 casos, com 273 óbitos. De acordo com o subsecretário, uma das principais preocupações neste momento é o fato de a epidemia estar se deslocando para o Centro, Sudeste e Sul de Minas, onde há maior densidade populacional.

“A principal diferença em relação ao ano passado é que os casos estão ocorrendo muito próximo dos centros urbanos. Percebemos também que, em 2017, as ocorrências se concentraram principalmente no mês de janeiro. Este ano, o maior número de registros se deu no final de janeiro e em fevereiro, o que pode ser devido à dispersão do vírus pelo estado”, explicou. Segundo o subsecretário, a cobertura vacinal em Minas Gerais atualmente é de 90%.

A diretora do Hospital Eduardo de Menezes, Thaysa Drummond Pereira Gama, traçou um panorama do momento atual da assistência na instituição. Segundo ela, o hospital conta 92 leitos e 10 de terapia intensiva, mas, durante os períodos mais críticos da epidemia, o número de leitos para o CTI dobrou. Além disso, o perfil de padrão de atendimento do hospital também foi alterado em alguns momentos, ficando exclusivamente dedicado à febre amarela.

Retrospecto e prospecção

A diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta, fez um retrospecto das ações realizadas pela unidade desde o início da epidemia, no final de 2016, até o momento. Ela citou os estudos sobre os efeitos adversos da vacina, as pesquisas de imunofenotipagem dos pacientes graves e os testes de PCR para diagnóstico molecular, executados em 2017, e a coleta para análise de mosquitos, em 2018. Zélia também mencionou os esforços no sentido de informar e orientar a população.

“Quero destacar que todo o trabalho tem sido feito em parceria com a SES-MG. Em uma das reuniões que tivemos, em outubro de 2017, nos perguntávamos sobre como buscar financiamento para desenvolver os projetos necessários. Essa reunião de hoje já é um desdobramento”, contou.

A diretora da Fiocruz Minas também apresentou uma prospecção científica e tecnológica, realizada pelo Núcleo de Inovação Tecnológica do IRR. Trata-se de um levantamento completo e abrangente acerca de produção científica, iniciativas em pesquisa e inovações tecnológicas voltadas para a febre amarela, desenvolvidas entre 2005 e 2018, no Brasil e no mundo. O material possibilita uma visão aprofundada em relação aos trabalhos científicos e produtos voltados para a doença, indicando também oportunidades de atuação.

Finalizando sua apresentação, Zélia apresentou como proposta uma agenda na qual a próxima atividade será uma oficina, com a participação dos pesquisadores e outros especialistas, com o objetivo de aprofundar a prospecção e as necessidades identificadas, bem como definir projetos  para financiamento  para curto, médio e longo prazo. Segundo ela, a partir daí, será possível levantar potenciais financiadores para as ideias que surgirem.

“Pode ser que a Fapemig não tenha recursos substanciais para aplicar, mas, juntos, podemos ir a outros lugares, que possam nos conceder os financiamentos necessários. Precisamos seguir de forma organizada e sistematizada para conseguir dar saltos. Juntos, ficará mais fácil sensibilizar os patrocinadores”, afirmou.

Encaminhamentos

O subsecretario de Vigilância e Proteção à Saúde da SES-MG, Rodrigo Said, se prontificou a elaborar e publicar uma resolução conjunta, entre SES e Seplag,com o intuito de criar um comitê que dará seguimento às ações discutidas durante a reunião.

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