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28/11/2018

Fiocruz e Iphan discutem Castelo como patrimônio da Unesco

César Guerra Chevrand (COC/Fiocruz)*


Ícone do desenvolvimento da ciência e da saúde no Brasil e na América Latina, o centenário Castelo da Fiocruz será postulante a candidato a Patrimônio Cultural Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). No último dia 19, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nisia Trindade Lima, o diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Paulo Elian, e o vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da COC, Marcos Pinheiro, reuniram-se com representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília, para discutir o encaminhamento da proposta de candidatura, que será formalizada pela Fiocruz até dezembro.

O centenário Castelo da Fiocruz será postulante a candidato a Patrimônio Cultural Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (foto: Ana Limp)

 

Durante o encontro com o diretor do Departamento de Cooperação e Fomento do Iphan, Marcelo Brito, e o coordenador de relações internacionais do instituto, Raul Fontoura, foram debatidos pontos relacionados à linha de argumentação que deverá constar do dossiê da candidatura do Castelo, em fase de elaboração pela equipe técnica da Fiocruz. O documento é uma peça-chave no processo e deve demonstrar o potencial Valor Universal Excepcional de um bem, além de descrever como esse valor será sustentado, protegido e gerido. Para concorrer à Lista do Patrimônio Mundial, a candidatura precisa ser incluída na lista do Estado-parte, organizada no Brasil pelo Iphan, que poderá indicá-lo à Unesco.

O órgão das Nações Unidas define que o Patrimônio Cultural Mundial é “composto por monumentos, grupos de edifícios ou sítios que tenham um excepcional e universal valor histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico”. Construído entre 1905 e 1918, o Castelo da Fiocruz, também conhecido como Pavilhão Mourisco, foi idealizado por Oswaldo Cruz para ser a sede do então Instituto Soroterápico Federal, criado em 25 de maio de 1900. Desde então, o Castelo se consolidou como símbolo maior da ciência e da saúde no país e no continente.

De acordo com a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade Lima, o encontro em Brasília com representantes do Iphan foi “muito relevante para discutirmos a preparação e a melhor fundamentação da proposta de candidatura do Castelo da Fiocruz a Patrimônio Cultural Mundial da Unesco”.

“Além de ser considerado o símbolo da ciência brasileira, pensada para resolver os grandes desafios da saúde pública do país, o Pavilhão Mourisco ou Castelo da Fiocruz é um símbolo para todo o mundo, uma vez que a Fiocruz colabora com instituições de todos os continentes, desenvolvendo cooperação internacional em ciência e saúde voltada para o desenvolvimento dos povos”, disse Nisia.

O dossiê de candidatura do Pavilhão Mourisco a Patrimônio Cultural Mundial começou a ser elaborado em 2018, por ocasião do centenário do monumento. O documento deve estar de acordo com as orientações da Unesco, em especial a Convenção do Patrimônio Mundial (antes Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, 1972) e as Orientações Técnicas para a implementação da Convenção do Patrimônio Mundial (WHC. 11/01, agosto de 2011). Diretor da Casa de Oswaldo Cruz, unidade responsável pela preservação do patrimônio arquitetônico da Fundação, Paulo Elian também destacou a importância do alinhamento da Fiocruz com o Iphan.

“A reunião foi muito importante para alinharmos com o Iphan um entendimento comum sobre os critérios de enquadramento da candidatura do Castelo e, sobretudo, analisarmos os pontos positivos a serem reforçados no dossiê. Nos parece muito claro e relevante o diferencial que a candidatura do Castelo pode representar como expressão histórica e cultural de um ambiente social de desenvolvimento e construção da ciência e da tecnologia em saúde com traços próprios do país, mas em permanente diálogo com o mundo”, afirmou Elian.

O Pavilhão Mourisco foi tombado pelo Iphan em 1981. Construído para abrigar os laboratórios do então Instituto Soroterápico Federal, o edifício é ocupado hoje pela Presidência da Fiocruz e seus setores administrativos, pelo Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) da COC e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), unidade técnico-científica da Fiocruz. Vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da COC e coordenador do Grupo de Trabalho que prepara o dossiê, Marcos José Pinheiro acredita que a Fundação está em um caminho promissor para a efetivação de sua candidatura.

“O Castelo possui valores simbólicos e históricos tais em relação à ciência e à saúde que o permitem concorrer num espectro de bens ainda pouco representados no seleto grupo de patrimônios da humanidade da Unesco, o que é favorável à candidatura. Assim como o próprio período de construção dessa edificação, que se diferencia do já bem representado período colonial, no caso brasileiro. Associado a isso, destaca-se o trabalho que a Fiocruz vem fazendo ao longo do tempo em prol da preservação de seus acervos, representado como diretriz institucional por sua Política de Preservação dos Acervos Científicos Culturais”, explicou Marcos José.

*Com colaboração de Cristiane Albuquerque (COC/Fiocruz)

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