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13/07/2020

Fiocruz e Vale investem no Projeto Genoma Covid-19

Vale S. A.


A Fiocruz e a Vale, por meio do Instituto Tecnológico Vale (ITV), irão realizar o Projeto Genoma Covid-19, o mais amplo estudo de sequenciamento de RNA do novo coronavírus (Sars-CoV-2) até então desenvolvido no Brasil. Serão coletadas pelo menos mil amostras do vírus que provoca a Covid-19, cujo combate se tornou o maior desafio da humanidade. O objetivo é produzir conhecimento na busca por vacinas, medicamentos para reduzir o impacto da doença; promover estudos epidemiológicos; e desenvolver testes diagnósticos mais precisos. Serão investidos R$ 2,4 milhões pela Vale na pesquisa, a ser desenvolvida em dois anos, a partir de junho.

As amostras serão fornecidas por centros de coletas espalhados por todos os estados brasileiros. Para se ter a dimensão do trabalho, até maio, no país, foram sequenciadas apenas 92 amostras do Sars-CoV-2, das quais apenas 59 são consideradas de alta qualidade. Isto ainda é muito pouco diante da necessidade de entender a variabilidade genética (mutação) que o vírus apresenta no Brasil, o que lhe dá uma identidade única. No mundo, há cerca de 30 mil genomas já sequenciados e disponibilizados na base de dados GISAID, e apresentam, no entanto, apenas características do vírus que circulou nas regiões onde foram coletados.

“A ideia desse projeto nasceu das discussões para consolidar uma parceria entre o Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazonas) e o ITV (Vale) para a vigilância de patógenos virais na região norte do país. Posteriormente, o projeto tomou uma dimensão nacional com a inclusão de outras unidades da Fiocruz”, explica Felipe Naveca, vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazonas.

Pela Fiocruz participarão diretamente, além do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que atua como Centro de Referência em Vírus Respiratórios para o Ministério da Saúde e para a Organização Mundial da Saúde (OMS), grupos de pesquisa nas unidades no Amazonas, Rondônia, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, mobilizando a ampla rede institucional Plataformas Tecnológicas de análises genômicas, envolvendo mais de 10 sequenciadores de nova geração, bem como diversos grupos de bioinformática para análise dos dados, e transformação destes em ferramentas de combate à pandemia. A Fiocruz complementará os recursos financeiros necessários para a execução do projeto. 

“Precisamos compreender o ‘material genético brasileiro’ do Sars-CoV-2, descobrir como ele se espalhou pelo país, as rotas de transmissão e como as mutações afetam as moléculas-alvo de testes diagnósticos, drogas e vacinas para que essas ferramentas de controle da doença sejam mais eficientes”, explica o diretor-científico do Instituto Tecnológico Vale, Guilherme Oliveira. Segundo ele, com um grande número de genomas sequenciados será possível refinar a pesquisa sobre o comportamento do vírus, considerando a sua variabilidade genética. O mapeamento do RNA permitirá gerar informações que servirão como base para estudos de novos coronavírus que possam surgir no futuro. 

Oliveira explica que outro importante objetivo do Projeto Genoma Covid-19 é expandir a rede de pesquisa para o estudo de vírus potenciais causadores de endemias e pandemias na Amazônia, como os arbovírus. “A ideia é, no futuro, fazer também o sequenciamento genético desses arbovírus e, assim como o do Sars-CoV-2, estudar o seu comportamento na célula, considerando a sua variabilidade genética, para o desenvolvimento de medicamentos e vacinas”, afirma. 

A pesquisa genética sobre o novo coronavírus envolve diretamente a participação de mais de 30 pesquisadores e bolsistas, vinculados a centros de pesquisa e de bioinformática da Fiocruz e de outras instituições, em Belém, Manaus, Rondônia, Natal, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Curitiba e Rio de Janeiro, além de uma rede de colaboradores espalhados pelo país e no exterior. 

Instituto Tecnológico Vale (ITV)

O Projeto Genoma Covid-19 é uma das mais importantes iniciativas da história do Instituto Tecnológico Vale, que comemora 10 anos de fundação em 2020. O instituto detém um dos mais avançados laboratórios de sequenciamento de DNA do país. Em quatro anos, mapeou o DNA de mais de 8 mil espécimes de fauna e flora da região de Carajás. Entre os quais, está o sequenciamento do genoma do Jaborandi (Pilocarpus microphyllus), cujo princípio ativo é usado em produtos cosméticos e farmacêuticos, como no tratamento ao glaucoma. O ITV colabora também com o Projeto Cabana, que reúne especialistas em genômica na América Latina e na Europa, e com o Instituto Europeu de Bioinformática, em Cambridge, na Inglaterra, que mantém um banco de dados abertos, onde as informações sobre o estudo ficarão disponíveis para consulta de pesquisadores do mundo todo. 

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