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17/10/2017

Fiocruz integra ações internacionais contra superbactérias

Flávia Lobato (Portal de Periódicos Fiocruz)


Uma grande ameaça global se anuncia e pesquisas científicas e inovações são os antídotos para evitar milhões de mortes e a volta a um passado longínquo na área da saúde. Para que esse cenário não se transforme em realidade, foi lançada uma Chamada para a ação contra a resistência microbiana (AMR Call to Action, na sigla em inglês para antimicrobial resistance). O evento, que ocorreu nos dias 12 e 13 de outubro em Berlim, foi promovido pelos governos do Reino Unido e da Tailândia, pela Fundação das Nações Unidas e a Wellcome Trust – organização independente de financiamento à ciência e pesquisa. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) participou do encontro, que reuniu representantes de governos de diversos países, líderes empresariais e membros do Grupo de Coordenação Interagências sobre resistência antimicrobiana (IACG AMR).

O AMR Call to Action é mais um marco nas ações internacionais conjuntas de combate à resistência microbiana aos medicamentos, como explica o pesquisador da Fiocruz, Milton Ozório Moraes, que participou da reunião. “Este é um evento muito importante no que diz respeito às ações voltadas ao enfrentamento da resistência microbiana de uma forma mais articulada em nível internacional. Não é à toa que está sendo realizado na Alemanha, país que tem liderado as iniciativas neste sentido”.

Milton conta que Berlim também foi a sede de outra reunião estratégica, há três semanas. “Tânia Fonseca, da Coordenação de Vigilância e Laboratórios de Referência da Fundação, e eu estivemos aqui discutindo com diretores de saúde pública dos países que formam o G20 outras iniciativas para combater as chamadas superbactérias. A Fiocruz está constituindo uma rede para avançarmos neste sentido, trabalho que vem sendo conduzido e acompanhado pelo Paulo Buss e pela Lúcia Marques, do Centro de Relações Internacionais [Cris/Fiocruz]. Nós estamos trabalhando em diversas frentes, promovendo ações transversais, o que envolverá desde a formação de recursos humanos, passando pelo fortalecimento da comunicação e divulgação científica, prevenção e vigilância até a pesquisa e o desenvolvimento de soluções para que estes microorganismos não se reproduzam desta forma acelerada”.

Ele lembra que a OMS tem alertado para a grave crise global decorrente da proliferação de superbactérias, que tem diversas implicações que vão da saúde ao desenvolvimento social e econômico dos países – afetando diversas esferas das relações internacionais.

OMS alerta: bactérias resistentes são ameaça global

No final de setembro, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi categórico ao alertar sobre a falta de novos antibióticos em desenvolvimento para combater a crescente ameaça da resistência antimicrobiana. "Há uma necessidade urgente de mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento para infecções resistentes a antibióticos, incluindo tuberculose, caso contrário, seremos forçados a voltar a um momento em que as pessoas temessem infecções comuns e arriscaram suas vidas de uma pequena cirurgia. A resistência antimicrobiana é uma emergência de saúde global que compromete seriamente o progresso na medicina moderna".

As afirmações foram feitas quando a entidade divulgou um relatório, mostrando poucas opções de tratamento potenciais para as infecções resistentes a antibióticos que mais ameaçam a saúde – incluindo a tuberculose resistente a medicamentos que mata cerca de 250 mil pessoas por ano. Além da tuberculose multirresistente, a Organização Mundial da Saúde identificou 12 classes de agentes patogênicos prioritários – alguns causadores de infecções comuns, como pneumonia ou infecções do trato urinário – que são cada vez mais resistentes aos antibióticos existentes e precisam de novos tratamentos com urgência.

O pesquisador da Fiocruz, Milton Moraes, trata de algumas abordagens que visam conter o avanço das superbactérias e merecem destaque. "Alertar para ações de prevenção de infecções ainda é extremamente importante. A melhor maneira de não se infectar com bactérias resistentes é não se infectar. Portanto, lavar as mãos é uma ação simples e muito importante". Ele também comenta sobre a utilização inadequada de medicamentos. "A população precisa estar alerta sobre o uso irregular de antibióticos, ciclos de abandonos e retratamento, que permitem a seleção de cepas que adquirem resistência naturalmente". Além dos pacientes, Milton lembra a importância das ações voltadas aos profissionais de saúde e das áreas de agricultura e pecuária. "Outro eixo crucial é o conceito de One Health. Ou seja: integrarmos as ações que envolvem saúde humana, animal e o meio ambiente".

Entenda como estas questões se articulam em infográfico especial do Portal de Periódicos Fiocruz.

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