21/11/2024
O G20 Social, realizado no Boulevard Olímpico, Rio de Janeiro, de 14 a 16 de novembro de 2024, reuniu atores globais e nacionais para discutir e propor soluções para os desafios mais urgentes enfrentados pela sociedade contemporânea. O evento, que registrou mais de 33 mil participantes ao longo dos dias, focou em questões relacionadas à sustentabilidade, equidade social, saúde e mudanças climáticas, buscando conectar as pautas do Acordo de Paris e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, trazendo uma participação forte dos movimentos sociais e sociedade civil,a exemplo do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, a Central Única das Favelas (CUFA) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Nesse contexto, a Fiocruz teve uma participação expressiva, destacando seu papel como uma instituição estratégica no cenário global da saúde e da sustentabilidade.
Durante os três dias do evento, a Fiocruz esteve representada em dois momentos principais: a presença com um estande temático e a realização de um painel autogestionado – do qual a Fiocruz saiu vencedora de um edital amplamente concorrido, com mais de 270 atividades de organizações do Brasil e de outros países, incluindo movimentos sociais, grupos culturais e entidades comunitárias, promovendo debates e propostas de políticas públicas. Ambos enfatizaram ações concretas e projetos desenvolvidos pela Fundação para enfrentar a crise climática e promover o desenvolvimento sustentável.
No estande, foi apresentada uma rica variedade de materiais e tecnologias interativas. Uma das principais atrações foi o telão touch screen, que disponibilizou dados climáticos, informações sobre ciência, tecnologia e inovação (CT&I) para a saúde, além de um especial da Agência Fiocruz de Notícias sobre mudanças climáticas. O público também teve acesso a informações detalhadas sobre a recém-lançada Estratégia Fiocruz para Clima e Saúde (ECS/Fiocruz). A exibição de vídeos abordou temas como tecnologias sociais, energia renovável, iniciativas de produção de insumos e vacinas, além de uma animação em 3D com o personagem Zé Gotinha, que cativou o público infantil. O estande, localizado em frente ao Armazém 5, no Boulevard Olímpico, foi visitado por pesquisadores, acadêmicos, educadores, representantes de movimentos sociais e crianças, estas últimas envolvidas pelo animação lúdica conduzida pelo personagem Oswaldinho.
O painel autogestionado, realizado no dia 15 de novembro no Espaço Kobra, trouxe como tema Sinergias Clima, Saúde e Agenda 2030: construindo um futuro sustentável. Durante a abertura, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a necessidade de ações articuladas entre saúde e sustentabilidade, enfatizando o papel do Brasil como líder em iniciativas globais nesse campo. Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), reforçou a importância de integrar a ciência à prática, alinhando a pesquisa científica às demandas das comunidades e aos compromissos globais. Juliana César, da organização Gestos, e Lavito Bacarissa, da Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS), complementaram as reflexões, trazendo perspectivas sobre políticas públicas e engajamento social.
A segunda parte do painel contou com apresentações temáticas de especialistas e representantes de movimentos sociais. Priscilla Papagiannis, do Observatório do Clima, trouxe uma análise sobre a aceleração da crise climática, destacando a necessidade de transição para economias de baixo carbono. Alexander Turra, do Oceans20 e da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, discutiu o impacto das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e as interconexões com a saúde humana. Tereza Campello, diretora socioambiental do BNDES, apresentou iniciativas voltadas para o financiamento de projetos sustentáveis e estratégias para inclusão social.
As experiências de tecnologias sociais foram representadas por Missay Nobre da Silva, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que relatou projetos para mitigação dos impactos das barragens em comunidades locais; Eugênio Scannavino, do Projeto Saúde e Alegria, que compartilhou as inovações desenvolvidas na região do Tapajós; Rodrigo Tobias, do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), que destacou os desafios enfrentados pela saúde pública na Amazônia e as estratégias adotadas pela Fiocruz para promover o desenvolvimento sustentável na região; Fernanda Vieira, das
Redes da Maré, que abordou as articulações locais na Zona Norte do Rio de Janeiro para responder às crises sociais e ambientais; e Ananias Nery Viana, do Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape, que trouxe reflexões sobre as contribuições dos povos tradicionais para a conservação ambiental e o bem viver.
O evento também foi uma oportunidade para apresentar projetos concretos, como o modelo de Unidades Básicas Fluviais e iniciativas de agroecologia e energias renováveis implementadas na Amazônia. A Fiocruz utilizou dados científicos robustos para demonstrar como ações locais podem gerar impactos positivos em escala global. Entre as apresentações, destacou-se a pesquisa sobre segurança hídrica e alimentar em áreas críticas da Amazônia, um projeto que integra inovação tecnológica e saberes tradicionais para fortalecer a resiliência das comunidades diante das mudanças climáticas.
A participação da Fiocruz no G20 Social reafirmou seu compromisso com a saúde como um direito humano e com a sustentabilidade como eixo estruturante de suas ações, como compõe em seu congresso interno. Por meio de uma abordagem interdisciplinar e inovadora, a Fundação não apenas destacou seu papel como promotora de ciência e tecnologia, mas também como um agente ativo na construção de um futuro mais justo e sustentável.