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18/04/2018

Fiocruz participa de jornada em Defesa da Reforma Agrária

Julia Neves (EPSJV/Fiocruz)


Refletir sobre temas como a construção de um Projeto Popular para o Brasil e a defesa a educação pública é a proposta da 5ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura), que acontece entre abril e maio, em diversos estados do país. No Rio de Janeiro, especificamente na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Jura será coordenada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). A abertura do evento acontecerá no dia 18 de abril, às 9h, no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), com a mesa-redonda A questão agrária no Brasil: conjuntura, direito à terra e territórios. A programação, que vai até 18 de maio, contará também com sarau de poesias, lançamento de livros, rodas de conversas e oficinas, buscando refletir temáticas como alternativas ao uso de agrotóxicos e as origens da concentração da terra. “Nessa edição, buscamos ampliar a participação da EPSJV de forma mais orgânica no interior da instituição”, sublinha Anakeila Stauffer, diretora da EPSJV/Fiocruz.

A programação, que vai até 18 de maio, contará também com sarau de poesias, lançamento de livros, rodas de conversas e oficinas (foto: Viviane Tavares, EPSJV/Fiocruz)

 

O evento, realizado anualmente em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), busca fortalecer o tema da reforma agrária nas agendas de ensino-pesquisa-extensão, envolvendo reflexões sobre a luta pela terra e pelo território, contra a criminalização dos movimentos sociais, além da soberania alimentar, agroecologia, educação do campo e justiça ambiental. No Rio de Janeiro, a Jura ocupará espaço nas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), Fluminense (UFF), do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), além da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-Petrópolis). “É bom ressaltar que a participação de universidades e institutos federais tem crescido a cada ano. Em 2014, foram mais de 40 instituições no Brasil. Em 2015, foram mais de 50. Em 2016 e 2017, em torno de 60 e quase 70, respectivamente”, informa Anakeila, para quem todo o envolvimento institucional contribui para o enraizamento do debate acerca da reforma agrária e da luta pelo direito à terra por todo o território nacional. E, no caso específico da Fiocruz, fortalece o debate sobre agroecologia, saúde e ambiente, que tem se tornado cada vez mais estratégico na instituição.

Segundo Anakeila, no estado do Rio de Janeiro, a partir de 2016, foi possível realizar um trabalho conjunto entre as instituições públicas sobre a temática da Reforma Agrária Popular. “Neste ano, repetimos a dose, e entre as instituições parceiras a Fiocruz foi eleita para a realização da abertura estadual devido aos ataques sofridos por alguns pesquisadores nossos envolvidos nas denúncias dos agrotóxicos como elementos nocivos à saúde da população”, destaca.

Luta agrária

A Jura é realizada anualmente em diversas instituições para marcar o Dia da Luta Camponesa (17 de abril), que homenageia as 19 pessoas que lutavam por terra e foram assassinadas no massacre de Eldorado de Carajás, ocorrido no Pará, em 1996. 

Integrante da direção estadual do MST-RJ, Luana Carvalho, explica que a Jornada tem um papel muito importante por trazer a questão da reforma agrária para os espaços acadêmicos, tentando aproximar os alunos do debate sobre a relação entre o campo e a cidade. “Promover essa discussão com professores e estudantes fortalece a nossa luta e isso é imprescindível para avançarmos na direção de uma transformação social, especialmente na atual conjuntura de aumento da criminalização e violência — desde o ano passado já foram mais de cem execuções no campo”, denuncia. Ela cita ainda como exemplo de retrocessos na política para o campo existência de um pacote do governo que tem como objetivo titularizar e municipalizar os assentamentos, o que, segundo ela, representa um grande ataque à reforma agrária.

Parcerias da EPSJV com MST

A EPSJV/Fiocruz  tem uma longa trajetória de parcerias com movimentos sociais do campo que promovem práticas agroecológicas, e a saúde da população e o meio ambiente. No ano passado, a Escola publicou o livro Curso Técnico em Meio Ambiente - Tramas e Tessituras, que sistematiza a experiência, os dilemas e aprendizados do Curso Técnico em Meio Ambiente, realizado pela Escola Politécnica com a Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal da Fronteira do Sul e o MST no Ceará e no Paraná. Em 2012, a parceria já tinha gerado outro livro, o Dicionário da Educação do Campo. Além dos cursos de especialização técnica (como o de Políticas em Saúde e Saúde Ambiental) e até uma pós-graduação (em Trabalho, Educação e Movimentos Sociais). Desde 2014, a Escola tem promovido também, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), a Feira Agroecológica Josué de Castro - Sabores e Saberes, realizada quinzenalmente no campus Fiocruz como parte de um projeto institucional. A feira busca trazer o debate da transição agroecológica e da soberania alimentar com a comercialização de alimentos livres de agrotóxico.

Confira a programação completa aqui

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