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14/12/2020

Fiocruz promove oficina sobre diversidade para gestores

Erika Farias (CCS/Fiocruz)


Quantas pessoas negras, que você conhece, ocupam cargo de chefia? Já foi alvo de piadas em seu local de trabalho por sua orientação sexual, mesmo sem nunca ter conversado sobre esse assunto com os colegas? Já repensou a roupa que iria trabalhar com medo de ser “mal visto”? Já foi tratado como inferior e recebeu ajuda, ainda que tenha afirmado que não precisava? Como gerir equipes sem deixar de lado as múltiplas questões que englobam a diversidade foi a pergunta que guiou a oficina Gestão Fiocruz pela Diversidade, realizada na quarta-feira (9/12). O encontro foi organizado pela Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz (Cogepe) e pela Escola Corporativa, com parceria dos Comitês Pró-Equidade de Gênero e Raça e de Acessibilidade e Inclusão da Pessoa com Deficiência da instituição.

Entre os assuntos debatidos estiveram a diferença entre não ser racista e ser antirracista e o fortalecimento da equidade de gênero e das sexualidades

 

A coordenadora-geral da Cogepe, Andréa da Luz, abriu o evento falando sobre a diversidade como um posicionamento da Fiocruz, defendido no 8º Congresso Interno da instituição, em dezembro de 2017, por meio da Tese 11, que aborda uma sociedade mais justa e equânime. “O que defendemos externamente é o que precisamos defender internamente com cada um de nossos trabalhadores. Por isso, é fundamental que estejamos abertos a nos capacitar para essas questões”, afirmou a coordenadora. 

Sensibilizar profissionais da gestão para a implementação de políticas de ação afirmativa que contemplem a diversidade sexual e de gênero, as relações étnico-raciais e as questões de acessibilidade para as pessoas com deficiência na Fiocruz, é um desafio. Apesar da ampla divulgação do evento on-line e do grande número de gestores na instituição, 57 se inscreveram para a atividade e apenas 33 compareceram.

“Como gestores públicos, nosso compromisso de inclusão com todas as populações é muito grande. Precisamos fortalecer valores éticos, de respeito. Por isso essa atividade e outras que ainda virão. Para ajudar na formação, trocar experiências e ouvir as dificuldades de cada um”, complementou Andréa.

Oficina

Para as atividades, todas realizadas virtualmente, os gestores foram divididos em três grupos. Cada grupo recebeu dois mediadores, integrantes dos Comitês da Fiocruz, que apresentaram vídeos e realizaram dinâmicas. A jornalista do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Coordenação Colegiada Comitê Pró-Equidade), Marina Maria, e o analista de Gestão do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Integrante Comitê Pró-Equidade) Bruno Vantine debateram diversidade sexual e de gênero; a coordenadora da Seção de Formação do Serviço de Educação do Museu da Vida (COC/Coordenação Colegiada Comitê Pró-Equidade /Integrante Comitê de Acessibilidade), Hilda Gomes, e a analista de Gestão em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Integrante Comitê de Acessibilidade) Tatiane Nunes falaram sobre o tema acessibilidade.

Já a assistente social do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Coordenação Colegiada Comitê Pró-Equidade) Roseli Rocha e a jornalista do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco /Integrante Comitê Pró-Equidade) Rita Vasconcellos discutiram com seus grupos relações étnicos-raciais. Ao final das três apresentações, relatores eleitos de cada grupo comentaram suas impressões a partir da atividade realizada.

Debates

“A principal razão desses comportamentos é a ignorância. Precisamos estudar, aprender os conceitos, ouvir as necessidades do outro”, afirmou um dos relatores. Outro representante reforçou a importância de se entender os próprios preconceitos para então poder desconstruí-los. A necessidade de se apropriar de documentos institucionais também foi um ponto levantado. 

Entre os assuntos debatidos estiveram formas de não repetir atitudes capacitistas (discriminação em relação às pessoas com deficiência); a diferença entre não ser racista e ser antirracista; fortalecimento da equidade de gênero e das sexualidades; e a importância de se construir uma empatia.  Segundo a filósofa e escritora Djamila Ribeiro, “fala-se muito em empatia, em colocar-se no lugar do outro, mas empatia é uma construção intelectual, ética e política”. E a Fiocruz segue em busca destas mudanças.
 

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