23/06/2023
Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)
Reduzir a dependência externa de produtos estratégicos para a saúde a partir da construção de uma cadeia regional. Esse foi o ponto defendido pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, durante a reunião do Comitê Ad Hoc para Promover a Expansão da Capacidade Produtiva Regional de Medicamentos, Imunizações e Tecnologias em Saúde (CAHECPR), do Mercosul. O objetivo do comitê é fornecer propostas aos Ministérios da Saúde do bloco de forma a reduzir problemas comuns e facilitar a integração.
O comitê reuniu representantes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai nos dias 21 e 22 de junho, em Buenos Aires. Na reunião, Krieger defendeu uma atuação conjunta, em que a produção não precisasse ser país a país, mas aproveitando as capacidades de cada Estado-membro. Os resultados do comitê serão apresentados, nesta sexta-feira (23/6), durante a 57ª Reunião de Ministros e Estados Associados do Mercosul, que também ocorre em Buenos Aires, com a presença da ministra da Saúde do Brasil, Nisia Trindade Lima.
“Temos que entender as diferenças entre cada um dos países. Mas o objetivo é tentar identificar tanto janelas de oportunidades para laboratórios públicos e privados, quanto as deficiências, as áreas em que temos problemas sérios de suprimentos e que talvez necessitem de estratégias importantes”, disse Krieger, representante do Brasil no comitê. “Não é um trabalho fácil, mas é importante continuar nesse caminho”.
Na reunião foi discutida a formação de uma lista de produtos de saúde estratégicos para a região. Esta lista deve ser encaminhada depois aos ministros da Saúde para ver a viabilidade de pesquisa, desenvolvimento e produção. Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), Jorge Bermudez defendeu a inclusão de medicamentos pediátricos na lista.
Krieger sugeriu ainda o estabelecimento de critérios para a elaboração das listas, que depois deverão ser comparadas para ver as convergências. “Não adianta a gente ocupar espaços que já estão preenchidos”, disse o vice-presidente. “O Brasil já vem construindo a nossa lista. Se a gente conseguir na próxima reunião que todos tenham uma lista, é possível conseguir filtrar. Isso seria um avanço muito grande. Levaríamos para as instâncias executivas essa relação para discutir a possibilidade de mobilizar as capacidades dos laboratórios oficiais e possíveis articulações”.
Um reflexo da retomada da integração do Sul do continente está no Curso de Vacinas como Produto, que terá apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), segundo anunciou Krieger. Em formato híbrido, com 50 horas e aberto não só para os países do Mercosul como Chile e Bolívia (Estados associados do Mercosul), o curso culminará com a visita de parte dos participantes à Fiocruz (incluindo Bio-Manguinhos e Farmanguinhos), no Rio de Janeiro, e ao Butantan, em São Paulo, no segundo semestre deste ano.
Criado em 2021, o CAHECPR busca analisar e mapear as capacidades produtivas, de pesquisa e desenvolvimento dos quatro países do bloco, além de propor iniciativas para melhorar o acesso a medicamentos, vacinas e tecnologias.