Início do conteúdo

03/03/2016

Fiocruz, USP e Pasteur vão desenvolver estudos contra zika

Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)


Com o objetivo de avançar nas pesquisas necessárias para combater a emergência internacional em saúde pública provocada pela possível associação entre o vírus zika e a microcefalia, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Pasteur, na França, vão unir esforços. As estratégias para a parceria foram discutidas entre 22 e 25 de fevereiro, em encontros na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e da USP, em São Paulo. O trabalho deve ocorrer no âmbito do programa de cooperação entre as instituições firmado no ano passado, que estabeleceu uma plataforma técnico-científica-educacional comum visando à construção de uma unidade do Instituto Pasteur no Brasil.

Na reunião, pesquisadores definiram áreas prioritárias para colaboração nos estudos sobre o vírus Zika e a microcefalia (foto: Gutemberg Brito)

 

Coordenador do encontro na Fiocruz, o diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Wilson Savino, afirmou que a existência de um programa de colaboração estabelecido deve acelerar os projetos. “O acordo de cooperação já previa linhas de pesquisa em doenças infecciosas e neurociências, justamente os temas envolvidos na emergência de saúde pública. A utilização dessa expertise para enfrentar os desafios da zika só pode render bons frutos”, afirmou Savino, que integra o Gabinete Fiocruz de Enfrentamento à Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN/Fiocruz). “Essa iniciativa, assim como outras que a Fiocruz vem desenvolvendo nos planos nacional e internacional, é uma demonstração clara de como fazer ciência voltada para as questões da sociedade”, completou.

Os projetos de cooperação devem se concentrar em cinco áreas: estratégias de controle do mosquito Aedes aegypti; testes diagnósticos; vacinas; pesquisas epidemiológicas e desenvolvimento de modelos experimentais. Na abertura do encontro, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, ressaltou a importância dos alvos escolhidos para a parceria. “Estamos lidando com uma emergência de saúde pública na qual há muitas lacunas no conhecimento científico e desafios tecnológicos que precisam ser vencidos. Sem dúvida, as questões que serão abordadas nesta colaboração estão entre as prioridades”, disse Gadelha. Já o diretor do Centro de Relações Internacionais (Cris/Fiocruz), Paulo Buss, reforçou que os estudos sobre o vírus zika estão alinhados com os objetivos iniciais da cooperação tripartite. “O zika é uma doença emergente, epidêmica e com grandes repercussões. O desenvolvimento científico nesse tema será importante para a consolidação do projeto de um Instituto Pasteur no Brasil”, comentou Buss.

À frente da delegação francesa na reunião, a chefe da Força-Tarefa para Investigação de Surtos do Centro para Saúde Global do Instituto Pasteur, Maria Van Kerkhove, lembrou que pesquisadores das unidades do Pasteur de Dakar, no Senegal, e da Guiana Francesa estiveram no Brasil nos últimos meses. Ela ressaltou que estudos sobre a provável associação do vírus zika com complicações neurológicas, especialmente a microcefalia e a síndrome de Guillain Barré, devem exigir investimentos de longo prazo. “Temos um vetor que é muito difícil de controlar e ainda não possuímos vacinas ou tratamentos que possam interromper a transmissão do vírus zika ou limitar as consequências da doença. Há muito trabalho a ser feito e é importante termos essa cooperação duradoura para realizá-lo”, declarou ela.

O vice-diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Luís Carlos Ferreira, considerou que as pesquisas sobre a zika serão um exemplo de como as três instituições podem atuar em conjunto a partir da cooperação pré-estabelecida. “Nossa perspectiva é desenvolver atividades de pesquisa em colaboração e, ao mesmo tempo, compartilhar informações e experiências com objetivo claro de combater a zika. Esse é o primeiro grande desafio que enfrentaremos juntos”, avaliou.

Voltar ao topo Voltar