03/03/2016
Uma pesquisa inédita conduzida pela Fiocruz Pernambuco detectou, em inoculação em laboratório, a presença do vírus zika na glândula salivar do mosquito Culex quinquefasciatus (a muriçoca doméstica). Trata-se de um resultado preliminar, que será estudado nas próximas etapas da pesquisa, quando serão investigados Culex coletados em campo em diversos lugares onde há registros de casos. O objetivo é verificar se a situação encontrada em laboratório ocorre também na natureza.
Fiocruz Pernambuco pesquisa presença do vírus zika na glândula salivar do mosquito Culex quinquefasciatus (foto: acervo CCS)
A escolha do Culex foi motivada pela observação da primeira área urbana que teve surto da doença, na Micronésia, onde o Aedes aegypti é raro e outros Aedes presentes foram negativos para o vírus. O C. quinquefasciatus é a espécie de mosquito mais abundante no ambiente urbano das áreas tropicais e subtropicais, onde costuma estar presente numa densidade vinte vezes maior que o A. aegypti.
Os estudos se concentraram inicialmente na comparação entre as espécies. Porém, a idéia é que, ao longo do projeto, seja incluída outra espécie, o Aedes albopictus, que ocorre em vários países de clima temperado. O objetivo é comparar algumas espécies de mosquitos da Região Metropolitana do Recife em relação à sua competência como vetores para transmissão de arbovírus, incluindo dengue e chikungunya. Nessa primeira etapa, o vírus zika foi priorizado, devido ao atual surto da doença e sua ligação com a microcefalia.
Em cada mosquito coletado foi feita a dissecção (processo de separação de partes do corpo) para extrair o intestino e a glândula salivar. No total, foram obtidas 450 amostras (somando os intestinos e glândulas salivares dos dois mosquitos estudados). As análises estão sendo processadas e o resultado final da pesquisa só poderá ser obtido após a etapa de campo.