Divulgado nesta sexta-feira (6/10), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz aponta o aumento, em todo o Brasil, de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). A análise destaca também o aumento do número de unidades federativas com casos de SRAG associados à Covid-19. Por outro lado, o atual quadro mostra ainda que as ocorrências de influenza A e do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) mantém estabilidade ou queda na maioria dos estados; e os casos de rinovírus dão sinais de queda após terem apresentado aumento no mês de agosto. Com relação as faixas etárias, o cenário aponta interrupção do crescimento de SRAG na que havia sofrido maior impacto: crianças e adolescentes de dois a 15 anos. O estudo é referente à Semana Epidemiológica (SE) 39, período de 24 a 30 de setembro.
Segundo a atualização, sete estados apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. No Maranhão e Pernambuco, o aumento se concentra nas crianças. Em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, esse quadro se observa nas faixas etárias da população adulta decorrente do Sars-CoV-2 (Covid-19). No Distrito Federal e Santa Catarina, também se verifica aumento de SRAG, decorrente da Covid-19, na população de idade avançada. Os estados do Amazonas e de Goiás apresentam indícios de aumento da presença de Covid-19 nos casos de SRAG na faixa etária a partir de 65 anos.
Coordenador do InfoGripe, o pesquisador Marcelo Gomes mostra preocupação com o aumento de SRAG associado à Covid-19. "A gente já tinha o sinal no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Goiás também. Agora, a gente já observa esse sinal também em Minas Gerais, nos estados da região Sul e no Distrito Federal. Então, temos agora um volume maior, um território mais amplo do nosso país com essa situação, com esse cenário de crescimento nas novas internações associadas à Covid-19, especialmente na população de idade mais avançada".
Diante do atual quadro, Gomes ressalta mais uma vez a importância da população "estar em dia" com a vacina contra a Covid-19. Ele destaca que a vacinação é "extremamente fundamental", especialmente nesse momento em que se verifica a retomada do aumento de casos de Covid-19 em vários estados do país. "Embora no Norte e Nordeste, de uma maneira geral, ainda não observe esse cenário, fica o alerta. Assim como está avançando em outras regiões, mais cedo ou mais tarde também pode começar a ser observado no Norte e Nordeste. Até porque no estado do Amazonas, por exemplo, a gente vê um leve sinal que pode apontar já nessa direção", afirma.
O pesquisador alerta que a perspectiva é de que, nas próximas semanas, o indício de crescimento no Amazonas já seja verificado em outros estado das regiões Norte e Nordeste. "Infelizmente, nas próximas semanas, no próximo mês, talvez esse quadro possa estar também começando a ser observado em outros estados dessas regiões".
Capitais
Entre as capitais, oito apresentam crescimento: Belo Horizonte (MG), plano piloto e arredores de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Palmas (TO), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA) e São Paulo (SP). Em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo se observa aumento principalmente na população de idade avançada. Em Campo Grande, Rio Branco, Palmas e São Luís o sinal ainda é compatível com a oscilação.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,4% para influenza A; 0,8% para influenza B; 9,3% para VSR; e 48% para Sars-CoV-2. Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 0,8% para influenza A; 1,5% para influenza B; 0,8% para VSR; e 84,2% para Sars-CoV-2.
Referente ao ano epidemiológico 2023, já foram notificados 142.055 casos de SRAG, sendo 54.938 (38,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 71.657 (50,4%) negativos, e ao menos 7.914 (5,6%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Dentre os casos positivos do ano corrente, 8,3% são influenza A, 4,4% influenza B, 37,6% VSR, e 30,6% Sars-CoV-2 (Covid-19) Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 1,4% para influenza A, 0,8% para influenza B, 9,3% para VSR, e 48% para Sars-CoV-2.