Referente à Semana Epidemilógica 37 (6 a 12 de setembro), o Boletim InfoGripe da Fiocruz indica manutenção do sinal de queda no número de novos casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país, após a retomada do crescimento observado no mês de junho. Os valores semanais ainda encontram-se em um valor muito acima do nível de casos considerado muito alto. Entre as ocorrências com resultado positivo para os vírus respiratórios, cerca 97,5% dos casos e 99,3% dos óbitos são em consequência do novo coronavírus.
Em relação aos casos de SRAG por Covid-19 nas regiões brasileiras, o boletim mostra que todas se encontram na zona de risco e com ocorrência de casos muito alta. No Brasil, já foram reportados, este ano, 447.840 casos de SRAG, sendo 242.040 (54,0%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Entre os positivos, 0,5% Influenza A, 0,2% Influenza B, 0,4% vírus sincicial respiratório (VSR), e 97,5% por Covid-19.
A análise tem como base os dados inseridos no Sivep-gripe até o dia 15 de setembro. A nova edição mostra que João Pessoa (PB) e Manaus (AM) mantiveram sinal moderado de crescimento (prob. > 75%) de casos de SRAG para a tendência de longo prazo. Porém, em João Pessoa essa tendência também se apresenta de curto prazo, o que recomenda atenção redobrada. Em Aracaju (SE), tanto a tendência de longo, quanto a de curto prazo apresentam sinal forte (prob. > 95%) de crescimento. Em Palmas, observa-se sinal moderado de crescimento (prob. > 75%) no curto prazo.
“Embora a maioria das capitais esteja com sinal moderado (acima de 75%) ou alto (acima de 95%) de queda ou estabilidade no longo prazo, o cenário é de cautela. As capitais que passaram por longo período de queda e se encontram com tendência de estabilidade requerem atenção especial para evitar uma possível retomada do crescimento”, observou o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Gomes alerta que a tendência reportada para Cuiabá (MT) não é confiável. O pesquisador explica que foi observada grande diferença entre os dados de SRAG do estado reportados no Sivep-Gripe (utilizados pelo InfoGripe) e os reportados no sistema próprio do estado, com grande subnotificação no Sivep-Gripe. Na visão do pesquisador, essa diferença sugere uma baixa adesão ao sistema de notificação nacional, impactando todas as análises locais e nacionais a partir dos dados de referência para vigilância e estudos epidemiológicos das SRAG no país, entre as quais encontram-se casos graves de Covid-19.
SRAG e Covid-19 nos estados
Embora a curva de casos do país esteja mantendo o sinal de queda, em 11 estados ao menos uma macrorregião de saúde apresenta tendência de crescimento no curto ou longo prazo. É o caso de Amazonas (Norte), Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe (Nordeste), São Paulo (Sudeste), e Santa Catarina (Sul). Além disso, diversas macrorregiões em estabilização ainda não iniciaram o processo de queda, o que reforça a importância de avaliar este indicador junto com a evolução dos casos, que está disponível no boletim completo.