29/08/2024
Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias)
Divulgado nesta quinta-feira (29/8), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz mostra aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todas as faixas etárias analisadas. Os dados por faixa etária apontam manutenção do aumento dos casos de Sars-CoV-2 (Covid-19) entre os idosos e início de crescimento do vírus na faixa etária entre 15 e 64 anos. Quanto aos vírus influenza A e o vírus sincicial respiratório (VSR), há uma diminuição do número de casos em boa parte do território nacional. Já o rinovírus tem apresentado tendência de aumento em vários estados do país, e se mantém como a principal causa de incidências de SRAG entre as crianças e adolescentes de 2 a 14 anos.
O agregado nacional apresenta sinal de aumento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e do Boletim InfoGripe, Tatiana Portella destaca que o aumento da SRAG no agregado nacional se deve ao rinovírus e Covid-19 em muitos estados do país. “O VSR e o rinovírus permanecem como as principais causas de internações e óbitos em crianças de até dois anos, embora os casos de SRAG por VSR já demonstrem queda nas últimas semanas”, destaca Portella.
Estados e capitais
Na presente atualização, 12 unidades federativas apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Os casos de SRAG por VSR e influenza A mantêm uma tendência de queda na maior parte do território nacional. Entre as capitais, nove apresentam indícios de crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Brasília (DF), Boa Vista (RR), Curitiba (PR), João Pessoa (PB), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Vitória (ES). Nas regiões Nordeste e Centro-Sul, o aumento de casos de SRAG concentra-se em crianças e adolescentes de até 14 anos de idade e está relacionado ao rinovírus. Em Goiás e São Paulo, o crescimento também está associado ao aumento de incidência de SRAG por Covid-19, especialmente entre os idosos.
“Devido ao alto fluxo de pessoas entre o estado de São Paulo e os demais estados, o aumento de casos de SRAG por Covid-19 pode impulsionar a disseminação do vírus para outras regiões nas próximas semanas. Por isso, é muito provável que a gente observe um crescimento do número de casos de Covid-19 em outros estados. Desta forma, é importante que os hospitais e as unidades sentinelas de síndrome gripal de todos os estados reforcem a atenção para qualquer sinal de aumento expressivo na circulação do vírus”, alerta a pesquisadora.
Diante desse aumento de casos de Covid-19, Portella ressalta que é essencial que todos os indivíduos que fazem parte do grupo de risco estejam em dia com a vacinação contra o vírus. A pesquisadora também reforça a importância da vacina contra a influenza. “Apesar do número de casos de influenza A estar diminuindo em todo o Brasil, o vírus continua sendo uma das principais causas de óbitos por SRAG entre os idosos”, reforça.
Mortalidade
A incidência e a mortalidade semanal média nas últimas oito semanas epidemiológicas mantêm o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. A incidência e mortalidade de SRAG em crianças de até dois anos de idade é mantida em maior parte pela circulação do VSR e rinovírus. Já a mortalidade na população a partir dos 65 anos continua sendo a mais impactada, fundamentalmente por conta dos vírus Influenza A e Covid-19.
Em relação aos casos de SRAG por Sars-CoV-2, a incidência tem apresentado maior impacto em crianças pequenas, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre idosos a partir de 65 anos. Entre as crianças, os impactos tanto em hospitalizações quanto em óbitos são inferiores aos observados atualmente para o VSR e o rinovírus. Nos idosos, a incidência e a mortalidade de SRAG por Covid-19 já se aproximam da incidência e mortalidade por influenza A.
Prevalência e ano epidemiológico
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 14,6% para influenza A; 2,1% para influenza B; 15,9% para VSR; e 24,8% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a prevalência entre os casos positivos foi de 34,1% para influenza A; 2,2% para influenza B; 4,8% para VSR; e 44,5% para Sars-CoV-2.
Em 2024, já foram notificados 119.544 casos de SRAG, sendo 57.644 (48,2%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 47.542 (39,8%) negativos, e ao menos 7.896 (6,6%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os casos positivos do ano corrente, 18,9% são Iinfluenza A, 0,6% são influenza B, 42,4% são VSR, e 17,8% são Sars-CoV-2 (Covid-19).