19/05/2023
João Pedro Sabadini (Agência Fiocruz de Notícias)
Divulgado nesta sexta-feira (19/5), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz aponta para a manutenção do alto número de internações entre o público infantil causadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todo o país. O estudo mostra que, em 13 das 27 unidades federativas, o sinal de crescimento de casos está concentrado fundamentalmente nessa faixa etária. No quadro etário geral, em 19 das 27 unidades há sinal moderado de crescimento na tendência de longo prazo (últimas 6 semanas) e de curto prazo (últimas 3 semanas).
A análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 8 de maio, sendo referente à Semana Epidemiológica (SE) 18, de 30 de abril a 6 de maio. Os resultados laboratoriais por faixa etária apontam predomínio dos casos positivos para Sars-CoV-2 na população adulta, embora mantenha queda em diversos estados. Em contrapartida, mantém-se sinal de aumento nos casos associados ao vírus influenza A e B.
Entre as crianças pequenas, permanece o predomínio de casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), o que mantém o número de novas internações em patamares elevados nesse público. “Nas crianças, o aumento está associado ao vírus sincicial respiratório, fundamentalmente, enquanto o aumento no restante da população é devido majoritariamente à Covid-19. No entanto, observam-se tendências distintas entre os vírus associados aos casos em adultos. Enquanto os casos associados à Covid-19 sugerem desaceleração, para os vírus influenza A e B, há indício de aumento recente em diversos desses estados”, afirma o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Estados
O destaque do aumento de casos em crianças está no Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe. Embora mais fraco do que na população infantil, no Espírito Santo, Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe, observa-se possível sinal de crescimento em algumas das faixas etárias da população adulta. Em Alagoas e no Ceará, observa-se a manutenção de patamar relativamente elevado na população a partir de 50 anos. No Paraná e Santa Catarina, nota-se a continuidade do alto nível em crianças e aumento recente na população adulta. Já no Mato Grosso e Rio Grande do Sul, há manutenção do crescimento em todas as faixas etárias analisadas, sendo mais expressivo no RS. No Acre e Tocantins, o sinal de crescimento ainda é compatível com oscilação em período de baixa atividade.
Com os números crescentes, Gomes destaca a importância das campanhas de vacinação. “O cenário de manutenção da presença de casos de SRAG associados à Covid-19, bem como o aumento recente naqueles associados ao vírus influenza A, reforça a importância da adesão campanhas de vacinação contra a Covid-19 e contra a gripe”, destaca o pesquisador.
Capitais e casos de SRAG no país
No quadro etário geral, observa-se que Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas 6 semanas) até a SE 18.
Entre as capitais, 15 apresentam sinal de crescimento: Belém (PA), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Portoa Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Salvador (BA) e Teresina (PI).
Referente ao ano epidemiológico de 2023, já foram notificados 59.675 casos de SRAG, sendo 23.626 (39,6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 27.010 (45,3%) negativos e ao menos 5.458 (9,1%) aguardando resultado laboratorial.
Resultados positivos de vírus respiratórios e óbitos
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência nacional entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi a seguinte: influenza A (13,5%); influenza B (7%); VSR (47,5%); e Sars-CoV-2/Covid-19 (25,5%). Já entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de: influenza A (14,5%); influenza B (8,5%); VSR (10,1%); e Sars-CoV-2/Covid-19 (63,7%).