Teve início na última terça-feira (21/8), o Inquérito de Arboviroses do Recife, que irá identificar os números de casos (novos e antigos) de zika, chikungunya e dengue em diferentes níveis socioeconômicos e faixas etárias da cidade. O trabalho será realizado pela Fiocruz Pernambuco, que levará a campo uma equipe de dez pessoas devidamente identificadas. Nas visitas aos domicílios escolhidos por sorteio, elas serão responsáveis por aplicar um questionário para reunir dados sociodemográficos e de história anterior de adoecimento por arboviroses. Além disso, coletarão amostra de sangue para a realização de exames sorológico e moleculares.
No caso das pessoas que estiverem com sintomas dessas arboviroses, na ocasião da visita da equipe, ou que tiveram os sintomas nos últimos 30 dias serão coletadas também amostras de urina, saliva e fio de cabelo para serem submetidos a testes mais específicos. A finalidade é tentar esclarecer se fatores ambientais podem ter interagido com o vírus zika e ter aumentado os casos de microcefalia. Todo o material coletado será encaminhado ao Departamento de Virologia e Terapia Experimental da Fiocruz Pernambuco, onde serão feitas as análises.
As visitas aos domicílios ocorrerão das 17h às 21h, de segunda a quinta-feira, e de 9h às 12h, nos sábados, horários em que a maioria dos membros das famílias estão em casa. Todos os participantes receberão os resultados dos testes e orientações sobre eles. Aqueles que estiverem sintomáticos serão encaminhados para a atendimento na rede de saúde municipal. Deverão ser visitadas 990 residências e coletadas amostras de, aproximadamente, 3.105 pessoas, com idade entre 5 e 65 anos, residentes nos domicílios selecionados.
“Com esse estudo será possível conhecer a dimensão das epidemias de zika e chikungunya e avaliar a situação atual da dengue, no Recife. Zika e chikungunya são confundidas com dengue por terem sintomas semelhantes e há muitos casos assintomáticos, o que leva à subnotificação”, explica a coordenadora do inquérito, a pesquisadora Cynthia Braga. De acordo com ela, a pesquisa ajudará a identificar a população mais vulnerável a zika (homem, mulher, criança, pessoa em menor condição socioeconômica, etc) e a quantidade de mulheres em idade fértil que ainda não tem imunidade contra essa arbovirose. “Serão conhecidos, ainda, os fatores de risco associados a essas arboviroses e as áreas mais afetadas. De posse desses dados os governantes podem planejar ações para evitar epidemias futuras”, completou a coordenadora.
O estudo será desenvolvido com aporte financeiro do Ministério da Saúde, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e do Consórcio Internacional Zikalliance. O trabalho conta com apoio da Secretaria de Saúde do Recife.