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22/11/2013

IOC integra grupo de biomonitoramento de águas doces do país

Vanessa Sol


A partir da necessidade de implantação de programas de monitoramento biológico das águas doces do país, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Associação Brasileira de Limnologia (ABLimno) oficializaram a criação do ‘Grupo de Trabalho de Biomonitoramento de Águas Doces’, cujo objetivo é padronizar métodos e tecnologias de biomonitoramento de rios e lagos, além de fomentar programas de ensino e de propor o desenvolvimento de um sistema de acreditação de laboratórios e empresas que fazem análises biológicas de sistemas aquáticos. O GT conta com a participação de profissionais de quinze estados brasileiros, de diversas instituições de ensino e pesquisa, além de empresas de consultoria e órgãos ambientais.

Coordenadas pelo pesquisador do IOC e vice-presidente da ABLimno, Daniel Buss, as atividades do grupo serão desenvolvidas a partir de uma rede colaborativa responsável por debater sobre o monitoramento das águas do país (foto: Gutemberg Britto)
 

Coordenadas pelo pesquisador do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC e vice-presidente da ABLimno, Daniel Buss, as atividades do Grupo de Trabalho serão desenvolvidas a partir de uma rede colaborativa responsável por debater sobre o monitoramento das águas do país. De acordo com Buss, o principal desafio do GT será padronizar os métodos de análise. “Diversos países utilizam ferramentas de avaliação biológica para o monitoramento das águas. No Brasil, no entanto, somente os órgãos ambientais dos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais possuem programas amplos neste sentido. Um dos problemas é que nem sempre usam protocolos convergentes”. O pesquisador explica: “por exemplo, para o Rio Paraíba do Sul, que nasce no Estado de São Paulo, drena parte do Estado de Minas Gerais e deságua no Estado do Rio de Janeiro, não sabemos se é o rio que está mudando de condição ou se os métodos têm sensibilidades diferentes. Queremos debater e buscar a padronização de métodos para todo o país – se possível em um único protocolo – que inclua a variabilidade dos diferentes biomas e regiões”.

Ainda segundo Buss, estão previstas a elaboração de bases científicas, a formação de profissionais nos diversos níveis de atuação, a criação de programas de divulgação, a articulação institucional para transformar estas informações em políticas e a inclusão da participação pública na gestão dos recursos hídricos, com ênfase no uso de técnicas de biomonitoramento. “Um banco de dados está sendo organizado pelo grupo atualmente. O acervo já armazena informações sobre mais de 2.500 rios, que servirão para a identificação de indicadores biológicos para o monitoramento”, destacou. “Diversos estudos com as informações depositadas na base de dados estão sendo realizados, a fim de apontar quais serão os critérios utilizados para o desenvolvimento do trabalho no que diz respeito aos métodos mais adequados, eficientes e com resultados mais confiáveis”, completou.

Nossos principais “clientes” e parceiros estratégicos são a Agência Nacional de Águas (ANA) e os Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde. Buss destaca que é fundamental construir bases científicas sólidas e um dos pontos de partida é a análise de locais de referência. “As Unidades de Conservação brasileiras cumprem um papel importantíssimo na manutenção da biodiversidade brasileira e temos que leva-las em consideração para este banco de dados de referência”, enfatiza o pesquisador, “e a ANA seria o usuário natural destas ferramentas, que penso que agregará informação relevante para a análise da qualidade das águas de usos múltiplos no país”, reitera. Sobre o Ministério da Saúde, Daniel Buss afirma que é importante “entendermos as complexas conexões entre biodiversidade e saúde humana, que passam pelo bem estar e pela vida em ambientes saudáveis, prestadores de serviços ecossistêmicos”.

O pesquisador destacou também que a iniciativa será um ponto importante para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas ao monitoramento das águas. “Este trabalho é estratégico e estimula o diálogo entre os diferentes atores que participam da iniciativa, buscando a sintonia entre as demandas dos órgãos ambientais e a produção acadêmico-científica”, finaliza o pesquisador.

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