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04/01/2016

Livro aborda saberes médicos, política de saúde e representações da hipertensão arterial

Alessandra Eckstein (Editora Fiocruz)


'Pressão Alta' no Cotidiano: representações e experiências é o resultado de uma ampla pesquisa socioantropológica da professora Ana Maria Canesqui sobre as representações populares e as experiências com a hipertensão arterial sistêmica. A autora entrevistou homens e mulheres hipertensos diagnosticados há mais de um ano, com idades entre 50 e 65 anos, clientela de uma unidade de Saúde da Família na cidade de Amparo, no estado de São Paulo. A análise também foi sensível às especificidades do modo de vida, das diferenças de gênero, idade e religião, atentando sempre para a maneira como os entrevistados, no cotidiano, refletem, lidam e atuam diante do adoecimento.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas conduzidas mediante roteiro, complementadas com observações e extensa investigação de documentos e bibliografia. Foram utilizadas análises de conteúdo e das narrativas, bem como estudos de caso. Canesqui também ouviu os agentes comunitários de saúde, pertencentes à equipe de Saúde da Família do local estudado. Ela descreve as características socioeconômicas, demográficas e educacionais da clientela e desses profissionais, conferindo especial atenção à forma como atendem e se relacionam com os pacientes.

Além de abordar o saber médico e a política oficial de saúde sobre a hipertensão, a autora destaca as representações não eruditas e a experiência com a “pressão alta”. Ela analisa as narrativas a respeito da descoberta da enfermidade pelos adoecidos, as explicações sobre sua gênese, o gerenciamento dos tratamentos e das prescrições médicas no contexto da vida cotidiana.

“Entende-se, neste livro, que a experiência com a enfermidade é singular, mas também social e historicamente situada. Ela abarca um conjunto de eventos, de busca ou recusa de ajuda, de ações e relações sociais com os demais e com as instituições (médicas, religiosas, família) e com as formas institucionalizadas ou não (redes sociais, grupos informais, práticas e saberes de cura não médicos)”, afirma Canesqui, no texto de apresentação da obra.

A hipertensão arterial sistêmica chama a atenção no perfil da morbidade brasileira. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 30 milhões de brasileiros sofrem da enfermidade, que atinge populações mais velhas com maior frequência, mas não exclui os jovens. Sua prevalência aumentou em virtude de diversos fatores, como as mudanças sócio-demográficas ocasionadas pela redução da taxa de fecundidade e elevação da expectativa de vida, além de alterações dos modos de vida, entre outros.

Sobre a autora

Ana Maria Canesqui é doutora em ciências, professora livre-docente em ciências sociais aplicadas à medicina, aposentada e colaboradora do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

Coleção Antropologia e Saúde

O campo das investigações antropológicas sobre a saúde e a doença tem experimentado rápida expansão nos principais centros acadêmicos internacionais. Esse crescimento acontece também no Brasil, onde se verifica a consolidação de linhas de pesquisa que representam as mais variadas vertentes teóricas da antropologia da saúde.

A coleção Antropologia e Saúde dissemina produção de alta qualidade, oriunda de centros de pesquisa e pós-graduação nacionais tanto em saúde coletiva como em antropologia, e divulga textos de autores estrangeiros considerados clássicos neste campo. Contribuir para o desenvolvimento e a divulgação de referenciais teóricos e metodológicos que suscitem perspectivas inovadoras na abordagem interdisciplinar do processo saúde-doença e estimular um crescente diálogo entre as ciências sociais/antropologia e as ciências da saúde/saúde coletiva no Brasil são seus principais objetivos.

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