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24/09/2010

Medicamento contra malária da Fiocruz é apontado como o mais eficaz

Renata Moehlecke


Um estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases apontou que o medicamento ASMQ – uma combinação em dose fixa de artesunato (AS) e mefloquina –, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e pela Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) para o controle da malária, é a melhor combinação a base de artemisinina dentre as quatro opções indicadas atualmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A pesquisa, realizada por estudiosos da organização Médicos Sem Fronteiras, da Faculdade de Medicina Tropical da Universidade de Mahidol (Tailândia) e do Departamento de Medicina Clínica do Hospital Churchill (Reino Unido), avaliou 647 pacientes de seis clínicas de diferentes estados da Birmânia infectados com o Plasmodium falciparum, protozoário causador da forma mais mortal da doença.


 Os resultados ainda indicaram que o tratamento com ASMQ auxilia relevantemente na profilaxia da doença em relação às outras drogas (Foto: Peter Ilicciev)

Os resultados ainda indicaram que o tratamento com ASMQ auxilia relevantemente na profilaxia da doença em relação às outras drogas (Foto: Peter Ilicciev)


“Esperamos que nosso estudo forneça evidências nas quais os criadores de políticas possam basear suas decisões no que diz respeito à drogas utilizadas em tratamentos de primeira-linha”, afirma o pesquisador Nick White, que conduziu o estudo. Para a pesquisa, os pacientes foram divididos em quatro grupos: 161 receberam doses fixas do medicamento ASMQ, 155 do artesunato-amodiaquina, 162 do arteméter-lumefantrina e 161 do dihidroartemisinina-piperaquina. O acompanhamento foi feito durante 63 dias. Todos os consultados tinham contraído malária a mais de seis meses e não apresentavam complicações devido à doença. “O risco de novas infecções foi três vezes maior para pacientes que receberam artesunato-amodiaquina quando comparados com os que usaram o ASMQ e duas vezes maior quando comparados com os que utilizaram arteméter-lumefantrina e dihidroartemisinina-piperaquina”, explicam os estudiosos no artigo.


Eles ainda comentam que o uso da combinação artesunato-amodiaquina deveria ser suspendido. “O artesunato-amodiaquina não deveria ser usado na Birmânia, porque as outras terapias a base de artemisinina são substancialmente mais efetivas”, destacam os pesquisadores. Além disso, os pesquisadores verificaram que a adição de uma única dose de primaquina (outro medicamento utilizado para o controle da malária) pode reduzir bastante a transmissão potencial da doença. A droga marca os gametócitos no sangue, nome dado ao estágio de desenvolvimento do protozoário, que pode ser transmitido pelo e para o mosquito, diminuindo o tempo que permanecem na corrente sanguínea.


“Essa droga é altamente efetiva na limpeza do parasita da malária do sangue e pode oferecer um efeito maior na transmissão da malária em pacientes tratados. A adição pode ter um papel crucial em programas de eliminação da doença”, asseguram os pesquisadores. Os resultados ainda indicaram que o tratamento com ASMQ auxilia relevantemente na profilaxia da doença em relação às outras drogas, apesar de não apresentar diferenças significativas quando comparado com o dihidroartemisinina-piperaquina.


Publicado em 22/9/2010.

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