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28/07/2017

Mitos e verdades sobre amamentação

Juliana Xavier (IFF/Fiocruz)


A amamentação costuma ser um fator de preocupação para as mães antes mesmo de o bebê nascer. Isso se deve ao fato de o leite materno ser, comprovadamente, o alimento mais completo que o bebê pode receber, pois fornece todos os nutrientes, vitaminas e minerais de que ele precisa para o crescimento durante os primeiros meses. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a mãe amamente os filhos, durante os primeiros seis meses de vida, exclusivamente com leite materno, e dos seis meses até os dois anos, outros alimentos devem ser introduzidos na dieta e oferecidos ao bebê em colherinhas e copinhos, não mais na mamadeira.

Mas como saber se o bebê está bem alimentado? Como aumentar a produção de leite materno? Segundo Maíra Domingues Bernardes Silva, enfermeira pediátrica do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), para a produção de leite funciona a ‘lei da oferta e da procura’. Abaixo, a enfermeira pediátrica do BLH esclarece algumas dúvidas sobre os mitos e verdades sobre amamentação.

Existe leite fraco.

Mito. Não existe leite fraco. O leite materno é o melhor alimento para os bebês devido tanto às suas propriedades nutricionais em quantidade e qualidade ideais, como também a suas propriedades imunológicas, protegendo contra infecções respiratórias, diarreias, promovendo saúde e permitindo um crescimento e desenvolvimento saudáveis. Até as mães desnutridas são capazes de produzir um leite de qualidade. Além disso, vale destacar que nem todo choro do bebê é fome. Ele pode chorar por diversos outros motivos: frio ou calor, fralda suja, necessidade de carinho e atenção, dentre outros motivos. Com o tempo, os pais vão aprendendo a lidar com o choro do bebê.

Importante frisar que existem sinais indicativos de fome, são eles: colocar as mãos na boca, abrir a boca em busca da mama, fazer movimentos de sucção e o choro.

Leite especial pode substituir a amamentação.

Mito. O leite materno é o alimento mais completo para o bebê e deve ser oferecido de forma exclusiva até os seis meses de idade (ou seja, não há necessidade de oferecer água, sucos ou chás) e de forma complementar com outros alimentos a partir dos seis meses até os dois anos ou mais. Caso o bebê esteja perdendo peso, ou tenha alguma dificuldade com a amamentação, procure apoio e suporte para amamentar no Banco de Leite Humano mais próximo.

A pega do bebê no seio influencia na produção.

Verdade. É importante que o bebê abocanhe corretamente a aréola para que ele fique bem alimentado, não machuque os seios da mãe e continue estimulando uma adequada produção de leite.

 

Existe tempo ideal para cada mamada.

Mito. Não existe tempo de mamada. O bebê é quem decide quanto tempo vai durar cada mamada. Alguns bebês são rápidos e levam de 5 a 10 minutos. Outros, não têm pressa e levam até 40 minutos. A mãe deve continuar amamentando até o bebê perder o interesse, pois é ele quem vai determinar o tempo suficiente. Sendo assim, ele deve mamar até ficar satisfeito, demonstrando sinais de saciedade, tais como: quando para espontaneamente de mamar e solta o seio materno ou até mesmo quando dorme após a mamada. E esse tempo pode variar de bebê para bebê. Por este motivo, é importante que a mamada não seja interrompida, pois, se for, o bebê pode mamar pouco do leite do final. Em cada mamada, o bebê pode sugar somente um dos seios e ficar satisfeito, mas se ele continuar demonstrando que está com fome, pode-se oferecer o outro seio também. Aos poucos, a mãe vai conhecendo o seu bebê e percebendo seu ritmo.

É possível estimular a produção do leite após parto.

Verdade. Ao realizar o contato pele a pele na primeira hora após o parto, a mamãe estará estimulando muitos hormônios que ajudarão no início da apojadura, preparo da mama para a descida do leite e que geralmente acontece até cinco dias após o parto. As mamas ficam maiores e bem cheias, algumas vezes quentes, com um pequeno fluxo de leite, o que é normal. O leite começa a descer em forma de gotinhas e isso é suficiente para o bebê ficar satisfeito. Vale destacar que este primeiro leite que sai é chamado de colostro e tem o papel principal de proteção do recém-nascido – por isso é conhecido como a primeira vacina – e essas características permanecem até o sétimo dia pós-parto.

O leite pode empedrar. 

Verdade. Quando isso acontece a mãe deve fazer massagem em movimentos circulares na mama e colocar o bebê para mamar. Se a mama estiver muito cheia, ela pode retirar um pouquinho de leite antes de amamentar para que a aréola fique macia e o bebê consiga abocanhar. Após amamentar, se a mama persistir cheia, a mãe deve continuar a massagem e realizar a ordenha do leite para armazenar e/ou doar para Bancos de Leite Humano.

Só o meu leite não sustenta e o bebê chora com fome.

Mito. Nem sempre que o bebê chora é porque está com fome. Ele pode estar com cólica, frio ou calor, fralda suja, ou simplesmente querendo carinho (colo). Lembre-se de que o choro é a única forma de o bebê se comunicar nos primeiros meses de vida. O importante é que ele esteja crescendo bem, o que pode ser verificado pelos gráficos na Caderneta da Criança, e urinando mais do que seis vezes a cada 24 horas.

Criança que nasceu prematura (menos de 37 semanas) ou com baixo peso (menos de 2 quilos e meio) não deve mamar no peito.


Mito. Estes bebês possuem algumas necessidades, como a de dormir mais, isso não necessariamente significa que seja mais difícil amamentá-los e são os que mais precisam da proteção do leite materno. Recomendamos acordar o bebê, inicialmente, retirando algumas peças de roupa, para que ele possa despertar para mamar. Também orientamos passar o mamilo e gotinhas de leite em sua boca para que ele possa sentir o gosto e o cheiro do leite. Se o bebê tiver dificuldade de sugar, retire o leite, coloque-o em um recipiente limpo e ofereça com colher ou na xícara de café/copinho.

Dar de mamar faz os peitos caírem.

Mito. Amamentar não deixa os seios flácidos. A “queda” do seio depende de vários fatores: hereditários, idade, aumento de peso, musculatura de sustentação das mamas. A própria gravidez causa mudança na sua forma e posição.

 

A amamentação imediatamente após o parto é saudável.

Verdade. Alimentar os bebês imediatamente após o nascimento pode reduzir consideravelmente os riscos de mortalidade neonatal, além de contribuir para a recuperação da mulher. Quanto mais cedo acontecer a primeira mamada, e o recomendado é que aconteça ainda na sala de parto, na primeira hora de vida, maiores as chances de uma amamentação bem-sucedida, além de estimular e fortalecer o vínculo mãe e bebê.

Seios pequenos produzem menos leite.

Mito. O que dá o tamanho dos seios é o tecido gorduroso e não a glândula produtora de leite, portanto, não depende do tamanho ou formato da mama. Afinal, tamanho não é documento!

 

Cerveja preta, canjica, água inglesa e outros alimentos aumentam a produção de leite.

Mito. Uma maior ingesta de líquidos agregada à amamentação sob livre demanda estimula a produção de leite. Vale destacar que bebidas alcoólicas não devem ser ingeridas, pois o álcool passa rapidamente para o leite e pode ser muito prejudicial ao bebê. A mulher que estiver amamentando pode ingerir bebidas ácidas como suco de laranja ou limão sem nenhum problema, pois os alimentos ácidos não talham o leite. 

Recomenda-se que a mãe beba bastante água todos os dias. 

Verdade. Café, chá preto e refrigerante em grande quantidade podem provocar cólicas no bebê.

 

 

Mães que têm anemia podem amamentar.

Verdade. Elas podem amamentar, mas devem procurar um tratamento. O médico poderá receitar a medicação adequada, orientar a dieta e a mãe continuar amamentando.

 

A amamentação ajuda a mulher a emagrecer.

Verdade. O aleitamento traz vários benefícios, além da perda de peso mais rápida após o parto, a amamentação ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, reduz o risco de hemorragia após parto e aumenta proteção para câncer de mama e ovário. 

O leite materno pode ser congelado.

Verdade. Na geladeira, o leite materno deve ser armazenado até 12 horas. No freezer, pode durar até 15 dias. Essa é uma boa notícia para as mães que precisam retornar às suas atividades profissionais, sem recorrer ao leite industrializado. Para descongelar, o leite deve ser aquecido em banho maria com fogo desligado. Não se deve deixar em temperatura ambiente e nem esquentá-lo no fogão ou micro-ondas.

Simpatias e crendices podem alterar o leite.

Mito. Simpatias ou crendices não alteram o leite. Por exemplo: o bebê arrotar no peito, o leite pingar no chão, beber água durante a mamada, nada disso altera a quantidade e a qualidade do leite, são apenas simpatias e crendices.

 

Mãe que está amamentando não pode trabalhar fora.

Mito. A mãe pode dar de mamar nos períodos em que estiver em casa. Pode retirar e guardar seu leite para ser oferecido ao bebê enquanto ela estiver fora na colher ou copinho. Para maiores esclarecimentos sobre o retorno ao trabalho e amamentação, procure um Banco de Leite mais próximo.

É preciso passar hidratantes ou pomadas medicinais para proteger o bico do peito.

Mito. O uso de hidratantes afina o tecido do bico do peito e da aréola (rodela escura do peito). O leite possui ação cicatrizante e bactericida, assim, a mãe pode retirar/ordenhar um pouco de leite e passar ao redor da aréola e bico depois das mamada, em casos de fissuras nos mamilos.

Existe uma posição ideal para amamentar.

 

Verdade. A melhor posição é aquela mais confortável para a mãe e o seu bebê.

 

Amamentar em um só peito faz com que um fique maior que o outro.

Verdade. Amamentar em um só peito faz com que o peito (mama) que é mais estimulado aumente de tamanho.

 

 

Se a mãe não estiver com muito leite, pode deixar outra mulher amamentar o seu filho.

Mito. Cada mãe tem que amamentar o seu bebê. O melhor leite para o filho é o da sua mãe. O leite carrega as características de quem amamenta. Assim a criança cria os anticorpos necessários para a sua saúde tomando o leite da mãe. Na amamentação cruzada há o risco de uma doença infecciosa ser transmitida pelo leite. A saída para a mãe que não consegue amamentar é procurar orientação no banco de leite humano.

Doe somente para Bancos de Leite Humano. Neles, o leite doado é pasteurizado e existe todo um controle de qualidade em todas as etapas do seu processamento, para que este seja um alimento funcional e seguro para os recém-nascidos de baixo peso, prematuros ou com alguma patologia crônica que estão internados em UTI's. Para mais informações sobre doação de leite humano e orientação sobre amamentação, ligue para o Banco de Leite Humano do IFF: 08000 26 88 77.

Estresse e nervosismo podem atrapalhar a produção do leite.

Verdade. O estresse e o nervosismo podem diminuir a quantidade de leite. Em momentos como este, a mãe modifica o seu sistema endócrino-imunológico e, com isso, a quantidade de leite pode diminuir. O recomendado é que a mãe descanse sempre que possível. Em caso extremo, para dormir bem uma noite, ela pode deixar que outro responsável dê o leite materno ao bebê em um copinho. Algumas pessoas acreditam que o estresse pode empedrar o leite, mas não é verdade. 

Aleitamento Materno

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