09/09/2020
Referente à Semana Epidemiológica 36 (30 a 5 de agosto), o Boletim InfoGripe da Fiocruz identificou, em Mato Grosso, diferenças significativas entre as notificações da Síndrome Respiratório Grave (SRAG) oriundas do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) e os registros disponíveis no sistema do próprio do estado. O total de casos de hospitalizações ou óbitos no estado de Mato Grosso e processados pelo sistema InfoGripe somavam 8.315 casos, para os registros no Sivep-gripe, sem filtro de sintomas, digitados até a semana 35, que foi encerrada em 29 de agosto. Já os registros disponibilizados no site da Secretaria de Estado de Saúde, acessado em 2 de setembro, apresentavam um total de 16.939 casos.
"Essa diferença sugere uma baixa adesão ao sistema de notificação nacional, impactando todas as análises locais e nacionais a partir de dados de referência para a vigilância e estudos de SRAG no país, entre as quais se destacam casos graves de Covid-19”, alerta o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Os dados mostram ainda que, entre as ocorrências com resultado positivo para os vírus respiratórios, 97,4% dos casos e 99,3% dos óbitos são em consequência do novo coronavírus. Segundo a análise, em nível nacional, o cenário atual mostra que os casos de SRAG apresentam tendência de queda, mas como dado semanal na zona de risco e com ocorrência de semanais muito altos (acima do liminar de atividade muito alta).
Unidades Federativas
Na presente atualização, nota-se que em João Pessoa (PB), Manaus (AM) e Rio de janeiro (RJ), a tendência de longo prazo apresenta sinal moderado de crescimento (prob. > 75%), sendo que em João Pessoa o mesmo se observa na tendência de curto prazo, o que recomenda atenção redobrada. Em Boa Vista (RR), observa-se sinal moderado (prob.> 75%) de tendência no curto prazo).
Em 12 das 27 unidades federativas (11 estados e o Distrito Federal), observa-se tendência de curto e longo prazo com sinal de queda ou estabilização em todas as respectivas macrorregiões de saúde. Nos demais 15 estados (Pará, Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás), há pelo menos uma macrorregião com tendência de curto e/ou longo prazo com sinal moderado (probabilidade > 75%) ou forte (probabilidade > 95%) de crescimento.
“Existe pelo menos uma macrorregião de cada estado com tendência de curto e/ou longo prazo com sinal moderado (probabilidade maior que 75%) ou forte (probabilidade maior que 95%) de crescimento. No Rio de Janeiro, a Macrorregião II apresenta sinal moderado (probabilidade maior que 75%) de crescimento na tendência de longo prazo”, observa Gomes.
Casos de SRAG/Covid-19 no país
Em relação aos casos de SRAG no país, independente do fator febre, o cenário atual para a situação de cada indicador sugere tendência de queda, mas ainda na zona de risco, com ocorrência de casos semanais muito alta (acima do limiar de atividade muito alta).
Em 2020, já foram reportados no país um total de 424.737 casos, sendo 228.268 (53,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório; 125.555 (29,6%) negativos; e cerca de 42.820 (10,1%) aguardando resultado laboratorial. Levando em conta a oportunidade de digitação, estima-se que já ocorreram 457.722 casos de SRAG, podendo variar entre 447.787 e 472.907 até o término da Semana Epidemiológica 36.
Dentre os positivos, foram registrados 0,5% Influenza A; 0,2% Influenza B; 0,4% vírus sincicial respiratório (VSR); e 97,4% Sars-CoV-2 (Covid-19). Considerando a presença de febre nos registros, conforme definição internacional de SRAG, o total de casos notificados foi de 297.573, com estimativa de 316.325 [310.570 – 324.513].