Fiocruz recebe equipamentos do Japão para ajudar na pandemia

Publicado em - Atualizado em
Ana Paula Blower e Ciro Oiticica (Agência Fiocruz de Notícias)*
Compartilhar:
X

Foi realizada nesta quinta-feira (12/5) a cerimônia de doação de equipamentos pelo governo japonês à Fiocruz, destinados ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) e ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC). A doação faz parte de um projeto de cooperação entre o Japão e o Brasil para a melhoria da capacidade institucional contra a Covid-19. Na ocasião, comitivas do consulado do Japão, da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) visitaram a Fundação e reforçaram a intenção de manter as parcerias. Neste sentido, destacou-se que está previsto o início de uma nova cooperação técnica voltada para a rede de genoma de Covid-19 ainda este ano. 

Comitivas do consulado do Japão, da Jica e da ABC visitaram a Fundação e reforçaram a intenção de manter as parcerias (foto: Peter Ilicciev)
 
 

“Quero destacar a importância que essa cooperação tem para nós, olhando em uma perspectiva histórica e com um olhar de futuro”, destacou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, na cerimônia de entrega da carta que oficializou a doação. “Temos certeza de que essa doação tão bem-vinda, que vai contribuir para o avanço da pesquisa, do diagnóstico, no campo das vacinas, como é nossa história de cooperação, certamente fortalecerá cada vez mais nossos laços e estaremos sempre prontos para discutir uma agenda para um futuro de forte cooperação entre instituições japonesas e brasileiras”.

Nísia agradeceu a presença de Teiji Hayashi, embaixador do Japão no Brasil, afirmando ser uma honra ter a “parceria histórica renovada em um momento de tantos desafios para a Fiocruz, o Brasil e o mundo”. Hayashi oficializou a entrega dos equipamentos médicos à Fiocruz para colaborar no combate à Covid-19 em um processo intermediada pela Jica. De acordo com ele, a doação “dá continuidade às relações de cooperação amistosa entre os dois países, de modo a contribuir para o fortalecimento dos atendimentos médicos no Brasil”.

“Quero destacar a importância que essa cooperação tem para nós, olhando em uma perspectiva histórica e com um olhar de futuro”, destacou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima (foto: Peter Ilicciev)

   
Representante Chefe da Jica no Brasil, Masayuki Eguchi explicou o processo que deu origem à doação, ressaltando que foi uma ação global da agência em resposta à pandemia com objetivo de fortalecer o sistema de saúde dos países em desenvolvimento. “Nos traz muita alegria saber que conseguimos contribuir com o objetivo desse trabalho, de melhorar a capacidade técnica no que diz respeito ao diagnóstico, à vacina, no enfrentamento da Covid-19. A Jica continuará prestando apoio à Fiocruz”.  

Ministra representante ABC, Mariana Madeira saudou o que chamou de uma “parceria profícua e tradicional” entre os países. “Destaco o papel central da Fiocruz, que tem dado resposta no enfrentamento à essa luta contra a pandemia. Se não tivéssemos instituições como essa, seria muito difícil respondermos adequadamente aos desafios. Esperamos que essa doação possa dinamizar ainda mais o trabalho dos pesquisadores”. 

O Cônsul Geral do Japão no Rio de Janeiro, Ken Hashiba, e o vice-Cônsul do Consulado Geral do Japão no Rio de Janeiro, Hiroki Muya, também estavam na cerimônia.

Parceria entre Fiocruz e Japão

Durante a cerimônia, foi lembrada a longa relação de cooperação entre a Fiocruz e o Japão, iniciada na década de 1980. Naquele momento, com apoio da Jica, houve a assinatura do Protocolo das discussões sobre cooperação técnica para o projeto Produção de Biológicos. Esta parceria possibilitou a transferência de tecnologia de produção da vacina contra o sarampo e da vacina contra a poliomielite. Estes acordos colaboraram para a eliminação da pólio e o controle do sarampo no Brasil. Em seguida, foi desenvolvido um projeto de capacitação de profissionais que possibilitou o intercâmbio de experiências. 

“Manter as relações de cooperação com uma instituição altamente reconhecida em âmbito mundial, como a Fiocruz, tem um grande significado. É de nosso interesse dar continuidade à essa cooperação”, afirmou o cônsul japonês. “Faço votos para que essas medidas possam contribuir para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde [SUS] e para o aumento da produção e das relações amistosas nipo-brasileiras”.

Homma entregou ao cônsul o livro 'Entre cerejeiras e cafezais: uma história das relações médico-científicas entre Brasil e Japão' (foto: Peter Ilicciev)

 

Akira Homma, assessor científico sênior de Bio-Manguinhos/Fiocruz, fez parte desde o início destas parcerias, em 1980. Ele destacou a importância da comunidade nipodescendente no país: “Eu mesmo sou fruto deste vínculo e tenho orgulho de ter colaborado para o reforço destas relações com o estabelecimento da parceria para incorporação das tecnologias das vacinas de sarampo e poliomielite”. 

Equipamentos instalados 

Durante a visita à Fiocruz, a delegação japonesa visitou os laboratórios onde os equipamentos doados foram instalados. Eles foram na Fábrica de Vacinas de Bio-Manguinhos, à área externa do CTV e ao Laboratório de Inflamação do IOC.

Durante a visita à Fiocruz, a delegação japonesa visitou os laboratórios onde os equipamentos doados foram instalados (foto: Peter Ilicciev)

 

Em sua fala na cerimônia de oficialização da doação, Antonio Barbosa, gestor da Coordenação Tecnológica (Cotec) de Bio-Manguinhos/Fiocruz, agradeceu os equipamentos para os laboratórios de Tecnologia Imunológica e o Núcleo de Liofilização Experimental, no Pavilhão Rockfeller; e de Tecnologia Diagnóstica, no Pavilhão Rocha Lima. “Estes equipamentos vão colaborar sobremaneira para as atividades de nossas equipes de Desenvolvimento Tecnológico”. Ele destacou que os acordos estabelecidos na década de 1980 “além do legado para a saúde pública do Brasil, colaboraram para nossa cultura de busca permanente por infraestrutura laboratorial e fabril necessárias à produção nacional de imunobiológicos, e, consequentemente, para a consolidação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde”.

No IOC/Fiocruz, o equipamento doado também já está alocado. É um aparelho de tomografia computadorizada, que está s responsabilidade do Laboratório de Inflamação. A plataforma com sistema Quantum GX2 está sendo usado pela primeira vez na América Latina e contribuirá em análises fisiológicas de pequenos animais realizadas pelas diferentes unidades da Fiocruz e de instituições colaboradoras. “Este equipamento trará um grande diferencial para o nosso Instituto e para a Fiocruz. Ele estará disponível no formato de plataforma multiusuário, que é muito importante no tempo atual da ciência em que a cooperação é um mote”, declarou a diretora do IOC/Fiocruz, Tania Araújo-Jorge.

Ela reforçou o caráter colaborativo do IOC/Fiocruz e a disposição do Instituto para firmar acordos de cooperação. “Temos interesse de consolidar parcerias com as diversas instituições japonesas que encantam os nossos pesquisadores com o seu potencial. Estamos disponíveis para visitas e interações nos campos que são do nosso escopo de trabalho, como doenças infecciosas, doenças crônicas degenerativas, ambiente e saúde, educação e promoção da saúde, e biologia celular e molecular básica, que nos confere um grau de excelência, junto com a biologia parasitária”, pontuou.

Reunião atualiza sobre vacina 

À tarde, parte da delegação do governo japonês, envolvendo embaixada e Jica, se reuniu na sala de reuniões do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/ Fiocruz) com representantes da Fundação. Entre outros assuntos, foram debatidas perspectivas futuras para transmissão da Covid-19, a produção e desenvolvimento de vacinas na Fiocruz e houve a para apresentação dos destaques de atuação da instituição e de suas ações de cooperação pelo mundo. 

Delegação japonesa se reuniu na sala de reuniões do Cris/ Fiocruz com representantes da Fundação (foto: Ana Paula Blower)
 
 

A delegação japonesa também recebeu informações sobre os principais projetos que podem ter um impacto positivo na saúde pública global e na superação da pandemia, como o pedido de pré-qualificação da vacina Covid-19 (recombinante) e o desenvolvimento da plataforma de self-amplifying RNA, que permitiu que a Fiocruz fosse selecionada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS) como hub regional de Desenvolvimento Tecnológico, Produção e Transferência de Tecnologia de vacinas de RNA para Covid-19.

O coordenador Adjunto do Cris/Fiocruz, Pedro Burger, ressaltou os aspectos sociais da pandemia: “Entendemos que saúde não é determinada apenas por aspectos biológicos. Trabalhamos e estudamos os determinantes sociais e ambientais para a saúde, isso é muito importante para a Fiocruz. E trabalhamos para que essa visão seja implementada também no mundo”. 

*Com informações das assessorias de Bio-Manguinhos/Fiocruz e IOC/Fiocruz. 

 

Leia mais:

Japão doa tomógrafo computadorizado para o IOC/Fiocruz