Nesta segunda-feira (6/5), a Fiocruz instalou uma sala de situação interna para apoiar as ações do Centro de Operações de Emergência (COE) do Ministério da Saúde (MS) relativas ao desastre que afeta a região sul. A atuação pretende contribuir com ações emergenciais e estruturantes no campo da saúde, a partir das experiências acumuladas da instituição no enfrentamento a emergências e desastres. O pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Carlos Machado, indicado pela Presidência da Fundação como membro do Centro de Operações de Emergências para Situação de Chuvas Intensas e Inundações na região Sul (junto com o também pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde [Icict/Fiocruz], Cristovam Barcellos), ressalta que neste momento os esforços devem ser concentrados no resgate e respostas imediatas para salvar vidas, porém, a intensidade e extensão do desastre expõe o desafio de melhor organizar os sistemas de preparação e respostas, conectado aos processos de recuperação e reabilitação das condições de vida e saúde.
"Para isso, será necessário que as políticas de reconstrução sejam baseadas nos princípios de reconstruir de modo melhor e seguro, evitando que os cenários de riscos presentes neste desastre sejam simplesmente reconstruídos do mesmo modo. Simultaneamente, mas do que nunca, é necessário e urgente reverter os quadros de degradação ambiental que contribuem para intensificar a acelerar as mudanças climáticas e os eventos extremos", reforça Macahdo, que também é integrante da Câmara Técnica de Assessoramento em Emergências em Saúde Pública do MS e do Grupo de Trabalho da Fiocruz sobre a Emergência no Rio Grande do Sul, além de coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) da Ensp/Fiocruz.
Nesta perspectiva, a Ensp/Fiocruz vem atuando para subsidiar o Sistema Único de Saúde (SUS) na desafiadora tarefa de desenvolver planos de preparação e resposta para emergência em saúde pública por desastres. A publicação Desastres naturais e saúde no Brasil, organizada pelo Cepedes da Ensp/Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), traz orientações frente ao grande desafio que significam os desastres para o setor da saúde e para os países que enfrentam processos sociais de urbanização acelerada e não planejada e mudanças ambientais que determinam vulnerabilidade socioambiental. Já o Guia de Preparação e Respostas do Setor Saúde aos Desastres traz informações e conceitos que ajudam a compreender o que é importante saber para reduzir os riscos de desastres. A publicação inclui dados sobre os relatórios de segurança de barragens, os mapas de distribuição e a classificação de risco.
Além disso, há o material Orientações para Gestão de Riscos de Desastres e Emergências em Saúde Pública: Abordagem Integrada, Atenção Primária e Vigilância em Saúde, organizado com o objetivo de subsidiar a adoção de estratégias e ações do setor saúde, a partir de diferentes experiências, arranjos, dispositivos e inovações como parte integrante de processos que estruturam a Gestão de Riscos de Desastres e Emergências no âmbito da Saúde. O documento reforça a importância da integração entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e Vigilância em Saúde (VS) em nível local e comunitário, de modo articulado e sistêmico com políticas, estratégias e ações na esfera municipal no âmbito do SUS.
O coordenador do Cepedes cita também a questão dos custos dos desastres naturais para os estabelecimentos de saúde. O artigo Desastres naturais e seus custos nos estabelecimentos de saúde no Brasil aponta que desastres naturais resultam em impactos na saúde das populações, danos aos estabelecimentos de saúde e, em situações extremas, colapso dos sistemas de saúde. O objetivo do artigo é analisar os impactos e custos econômicos dos desastres naturais sobre os estabelecimentos de saúde, identificando tipos mais frequentes e de maior custo.
Já o artigo Enchentes e saúde pública: causas, consequências e respostas para prevenção e mitigação, aponta que as enchentes são os desastres naturais com maior frequência e afetam a vida de aproximadamente 102 milhões de pessoas a cada ano, principalmente nos países em desenvolvimento e em grandes centros urbanos, com tendência de aumento nas próximas décadas. O estudo oferece subsídios para melhor compreensão destes eventos, através dos resultados e experiências encontrados na literatura científica recente.