Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, será o centro dos debates sobre saúde nas favelas e comunidades periféricas do estado, sob os impactos das mudanças climáticas. Nos dias 26 e 27 de agosto, a Fiocruz promove o seminário Saúde, Favela, Justiça Climática e Racismo Ambiental, na sede da Centro de Defesas de Direitos Humanos (CDDH) do município, uma das organizações selecionadas por meio da Chamada Pública de Apoio a Ações de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas. O evento vai reunir um público de aproximadamente 150 lideranças dos projetos que são realizados em 33 cidades e em mais de 150 favelas do estado, acadêmicos e pesquisadores da Fundação. O objetivo é elaborar um diagnóstico coletivo das demandas em saúde nestes territórios e construir uma agenda comum para produzir respostas às necessidades da população mais vulnerável, com foco na preparação brasileira para a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, em novembro de 2025.
O seminário vai contar com a presença de representantes dos 146 projetos do Plano Integrado de Saúde nas Favelas RJ - Fiocruz/UFRJ/Uerj/PUC-Rio/Uenf/IFF/Abrasco/SBPC/Alerj, iniciativa que já financiou ações que impactaram diretamente e indiretamente aproximadamente 385 mil pessoas, com apoio a segurança alimentar, saúde mental, comunicação em saúde, educação popular em saúde e geração de renda. Os projetos têm centralidade de atuação no enfrentamento à fome e no direito à alimentação adequada, agroecologia, foco na saúde mental, produção de conteúdo sobre prevenção, vacinação e combate às notícias falsas.
A escolha de Petrópolis para o seminário foi estratégica. A cidade sofre com a pressão das mudanças climáticas, o que ficou mais evidente com a tragédia das chuvas que vitimou 235 pessoas há pouco mais de dois anos. A maior parte eram moradores de favelas e periferias. Durante o seminário, serão realizadas visitas técnicas às favelas Independência e Morro da Oficina. Também fazem parte da programação mesas de debate com a participação da coordenação estadual do Movimento de Atingidos por Barragens do Rio de Janeiro e do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social do Rio de Janeiro. Os agentes formarão grupos de discussão.
O coordenador-executivo do Plano Integrado de Saúde nas Favelas RJ - Fiocruz/UFRJ/Uerj/PUC-Rio/Uenf/IFF/Abrasco/SBPC/Alerj, Richarlls Martins, destaca a importância do protagonismo dos moradores destes territórios nas discussões sobre a justiça climática e o racismo ambiental. A dinâmica do seminário vai reunir agentes sociais e pesquisadores para estabelecer essa interlocução.
"Este Seminário reflete o acúmulo dos coletivos de favelas que atuam nesta parceira interinstitucional coordenada pela Fiocruz em prol da saúde nas favelas. A proposta é sistematizar as respostas protagonizadas pela sociedade civil no campo das crises climáticas, que evidenciam processos de injustiça ambiental e afetam de maneira desproporcional a população negra e que vive nas periferias. Há ainda a intenção de produzir subsídios que possam contribuir com a formulação de conteúdos específicos sobre saúde nas favelas para a COP 30”, acrescenta.
Como parte da programação cultural do seminário, no dia 26 de agosto às 17h30, a Praça da Inconfidência, no centro de Petrópolis, será palco para a apresentação da peça Rainhas do Quaritêre, do Brasil, do mundo!, do Núcleo Teatral dos Jovens do CDDH. A apresentação será aberta ao público.