Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde termina com pedido de apoio ao G20

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Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)
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Após três dias de reunião no Rio de Janeiro, os representantes dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (INSPs) produziram um texto que servirá de base a uma declaração aos ministros da Saúde do G20 a ser aprovada nos próximos dias. Ao mesmo tempo, eles se despedem do Brasil com dois pontos fechados: pedem que os ministros do bloco das nações mais desenvolvidas do planeta apoiem a realização de novos eventos nos moldes desta Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública do G20 e apoio ao Roteiro da Ianphi para a Ação em Saúde e Mudanças Climáticas. 

Conferência reuniu mais de 100 representantes membros da Ianphi (foto: Cristina Azevedo)

 

A conferência foi organizada pela Fiocruz, o Ministério da Saúde e a Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (Ianphi), em parceria com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África). Ela reuniu mais de 100 representantes membros da Ianphi no Hotel Rio Othon Palace, em Copacabana. Com o apoio do Grupo de Trabalho de Saúde do G20, os INSPs examinaram seus papéis na implementação dos temas prioritários dos ministros do bloco. Eles reconheceram a importância do G20 para construir um futuro mais saudável, equitativo e sustentável, e que, devido à sua ligação com os governos nacionais e suas capacidades técnicas e científicas, estão numa posição singular para ajudar a fortalecer os sistemas de saúde de seus países.  

Por três dias, temas como prevenção, preparação e resposta a pandemias (PPR), equidade em saúde, sistemas nacionais de saúde resilientes e mudanças climáticas e saúde estiveram sobre as mesas de trabalho. Entre os pontos destacados estavam a colaboração mútua para alcançar as prioridades estabelecidas pela presidência do Brasil no G20 e que passa pela equidade no acesso à saúde e a medicamentos; o fortalecimento dos sistemas de saúde; o compartilhamento de dados e o apoio ao desenvolvimento da força de trabalho. 

“Os institutos vão trabalhar na dimensão do seu território nacional, levando as prioridades do G20 para as políticas nacionais, e, no plano global, trabalharão em conjunto”, explicou o diretor do Centro Colaborador da Opas/OMS para Diplomacia em Saúde Global Cooperação Sul-Sul, Paulo Buss. Ele reforçou a questão da equidade e de se levar em conta os determinantes sociais da saúde. “Sabemos que nossas populações vivem problemas que não são exclusivamente doenças, mas determinantes sociais, econômicos, ambientais e polítícos. Os INSPs procuram conhecer e enfrentar esses problemas para melhorar a saúde da população de seus países e da população global. Foi essa a intenção ao organizar esta conferência, a primeira no âmbito do G20”, disse Buss, no encerramento, representando o presidente da Fiocruz, Mario Moreira. 

Buss também já presidiu a Fiocruz, e foi durante a sua gestão, em uma reunião no Rio de Janeiro, que nasceu a Ianphi, em 2006, com 39 membros fundadores. Hoje, a associação tem 123 membros em 103 países, além de ter estabelecido redes regionais em África, Ásia, Europa e América Latina, que colaboram para o desenvolvimento de capacidades e na resposta aos desafios nacionais e regionais de saúde pública. 

“Este foi o primeiro encontro dos INSPs dos países do G20, mais o CDC África, para considerar como usar nosso expertise em ciência em apoio às iniciativas aos ministros do bloco”, disse o presidente da Ianphi, Duncan Selbie. “Queremos usar nosso apoio para melhorar a saúde não apenas das populações dos países do G20, mas globalmente. Este é o primeiro de muitos encontros”. 

Uma das questões que a Ianphi pretende levar aos ministros da Saúde do G20 é o pedido de apoio ao seu Roteiro para a Ação em Saúde e Mudanças Climáticas, que estabelece cinco prioridades: defender o reforço da capacidade dos INSPs para contribuírem eficazmente para a pesquisa, políticas e ações sobre clima e biodiversidade; melhorar a capacidade, a competência e a formação através do apoio entre pares e da partilha de conhecimentos entre os institutos; aumentar a colaboração com organizações internacionais e regionais ativas nas áreas da saúde pública e das alterações climáticas; apoiar que os serviços de saúde pública sejam ambientalmente mais ambientalmente sustentáveis; monitorar o progresso no envolvimento dos INSPs nas políticas relativas às alterações climáticas através de indicadores-chave. 

A proposta é continuar o trabalho para fechar nos próximos dias uma declaração a ser enviada aos ministros da Saúde do bloco.