19/09/2024
Carolina Campos (Fiocruz Ceará)
Com o intuito de reduzir os números de casos e óbitos de doenças como dengue, chikungunya, zika e oropouche, o Governo Federal lançou, na última quarta-feira (18), o plano de ação para redução dos impactos das arboviroses. Construído com a participação de pesquisadores, gestores e técnicos, o documento foi dividido em seis eixos principais e conta com investimento de cerca de R$ 1,5 bilhão. O anúncio aconteceu no Palácio do Planalto com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, e confirmou a implantação da biofábrica de Wolbachia no Distrito de Inovação em Saúde do Ceará, localizado no Eusébio, que tem a Fiocruz Ceará como âncora científica e tecnológica.
“A expectativa é de que o início das obras da biofábrica de Wolbachia seja ainda neste ano com previsão de inauguração no primeiro semestre de 2025. A iniciativa beneficiará 1.794 municípios nordestinos, 55 milhões brasileiros, em sete anos, sendo a biofábrica um hub para distribuição da tecnologia para a região Nordeste”, afirma a coordenadora da Fiocruz Ceará, Carla Celedonio.
O investimento se justifica pelos números: o aumento de casos de dengue no país em 2024 foi 13 vezes maior se comparado ao mesmo período em 2023, com mais de 6 milhões de casos, sendo considerado recorde da série histórica. A biofábrica que será instalada no Ceará irá atuar no controle vetorial através do método Wolbachia, que consiste na manipulação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente nestes insetos, para que se reproduzam estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, reduzindo índices das doenças. Os Wolbitos, como são chamados esses mosquitos, não são transgênicos e não transmitem doenças.
Os estudos são promissores. As pesquisas apontam resultados expressivos de redução de arboviroses em países como a Indonésia (77% a menos de casos de dengue), Austrália (-96%), Colômbia (-95%) e no Brasil. Em estudo realizado em Niterói, cidade do Rio de Janeiro, a redução foi de -69% em casos de dengue, -60% em casos de chikungunya e ainda -37% em números de zika.