08/06/2015
Gabriella Ponte / Ascom Bio-Manguinhos
Em 2015, estão sendo realizados estudos com as vacinas tríplice viral e febre amarela, além da elaboração do relatório final do estudo com a vacina meningocócica C. O estudo com a vacina dupla viral, fase I, está previsto para o segundo semestre deste ano. Já estão em planejamento dois estudos para 2016: estudo de fase III da vacina para meningite C e mais um estudo com a vacina febre amarela.
Maria de Lourdes de Sousa Maia, coordenadora da Assessoria Clínica (Asclin) de Bio-Manguinhos, conta que o Instituto trabalhará para melhorar sua prestação de serviços, destacando a importância dos laboratórios públicos, que viabilizam a missão do Sistema Único de Saúde (SUS). “O SUS garante ao povo brasileiro o acesso ao PNI, que é amplo e tem credibilidade além de nossas fronteiras”. Não podemos esquecer que o Programa é mantido graças à política de inovação em saúde”, ressaltou.
O projeto vacina conjugada contra meningococo C brasileira estuda a imunogenicidade da vacina em jovens adultos. É um estudo de fase I que tem como objetivo avaliar a segurança de um produto novo. São 60 participantes, na faixa etária entre 18 e 50 anos. Este estudo foi conduzido na Unidade de Ensaios Clínicos e Imunobiológicos de Bio-Manguinhos (UECI), anexo do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) e no Heitor Beltrão, em 2014.
O estudo clínico da vacina para sarampo, caxumba e rubéola, fase III, visa estudar a imunogenicidade, reatogenicidade e segurança da vacina combinada contra sarampo, caxumba e rubéola produzida por Bio-Manguinhos, sendo analisada também a frequência de eventos adversos. Está sendo realizado em crianças de 12 a 19 meses e 29 dias de idade, com uma segunda dose com a vacina tetraviral, conforme o calendário básico do PNI. Serão estudados 1.560 participantes de três Unidades Municipais de Saúde de Belém - PA e um Centro de Saúde Escola do Marco da Universidade Estadual do Pará.
Quanto à vacina febre amarela, em 2013, a OMS emitiu uma nota sobre a obrigação de revacinação da vacina de febre amarela “É extremamente relevante verificar o tempo de imunogenicidade desta vacina. Para uma adequação em seu calendário, o Ministério da Saúde realizou, o que consideramos um meio termo entre a recomendação da OMS e os dados científicos disponíveis”, detalhou Maria de Lourdes. A nova recomendação do PNI está disponível aqui.
Em 2011, o Instituto, mesmo antes da nota da OMS, já havia realizado o primeiro estudo, com o objetivo de avaliar o tempo de persistência da imunogenicidade de febre amarela com uma dose da vacina. Para tanto, foram incluídos 751 adultos homens, primovacinados, categorizados segundo o tempo de vacinação: 30-45 dias, 1-4 anos, 5-9 anos; 10-11 anos e 12 anos ou mais. Foi possível concluir que a titulação de anticorpos diminui a partir de quatro anos de vacinação, esses resultados apontaram para a necessidade de novos estudos.
Para dar maior robustez aos dados do primeiro estudo, neste ano de 2015, está em fase de execução, o estudo da Imunidade contra a febre amarela após dois ou mais doses de vacina. Neste estudo clínico estão sendo incluídos 440 adultos com antecedentes de duas ou mais doses da vacina, tendo recebido a segunda dose há pelo menos um ano. Serão comparados a indivíduos que tenham recebido a primeira dose há 10 anos ou mais e revacinados (segunda dose) de 30 a 45 dias. Assim, serão categorizados segundo o tempo de vacinação em 30 dias, 1-5 anos e 6 anos ou mais.
O estudo acontece no Rio de Janeiro em Bio-Manguinhos, e nas cidades de Alfenas e Ribeirão das Neves (Minas Gerais). Ela destaca a importância de verificação destes dados, com uma análise robusta e adianta que sua conclusão está prevista para janeiro de 2016.
Seguindo a mesma linha de pesquisa, tem planejado o estudo de vacina de febre amarela para acompanhamento de coorte no Estado da Paraíba, com o objetivo de avaliar a persistência da imunidade por 10 anos. Esta pesquisa será realizada em parceria com a Universidade Federal da Paraíba e Secretaria Estadual de Saúde e as Secretarias Municipais de Alhandra, Caaporã e Conde. Esses locais são áreas livres de circulação do vírus da febre amarela, o que proporcionará subsídios ao Programa Nacional de Imunizações e nova revisão do esquema vacinal.
Cerca de 4.800 pessoas vão participar da pesquisa. “Queremos fazer um acompanhamento de dez anos com essas pessoas. O projeto ainda não foi aprovado pela Anvisa, mas queremos dar início no primeiro trimestre de 2016”, adianta Maria de Lourdes. Os participantes de pesquisa serão crianças (9 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias) e adultos (18 a 50 anos) saudáveis. Serão avaliados em seis tempos diferentes (antes da vacinação, 30-45 dias, 1 ano, 4 anos, 7 anos e 10 anos após a vacinação). Essa pesquisa tem o objetivo de avaliar o estado imune de crianças e adultos nunca antes vacinados, que receberão a primeira e única dose de vacina antiamarílica, sem terem residido em área endêmica.
Fruto de uma parceria com a Fundação Bill e Melinda Gates, o desenvolvimento da vacina dupla viral (sarampo e rubéola) beneficiará crianças do continente africano. O Instituto receberá US$ 1,15 milhão para a primeira fase de estudos clínicos. A quantia acelera a formulação da vacina e os estágios iniciais de desenvolvimento clínico, previstos para começar em 2016. O produto deverá chegar ao mercado internacional a partir de 2017. Bio-Manguinhos irá produzir o mínimo de 30 milhões de doses da dupla viral por ano.
A fase I do estudo de segurança e imunogenicidade em adultos jovens da vacina para sarampo e rubéola tem como objetivo avaliar a segurança, a tolerabilidade e a imunogenicidade da vacina dupla viral. Pretende-se incluir 30 voluntários saudáveis, do gênero masculino, com idades entre 18 e 49 anos. O acompanhamento será presencial, com consulta médica e exames. Esta fase será desenvolvida na UECI. O período previsto para o início do estudo é entre março e outubro de 2015. A partir de 2016, por três anos, será desenvolvido, da mesma forma, um estudo de fase II/III, a ser executado em países como Tanzânia.
Sistemas de gerenciamento
O Sistema de Gerenciamento de Estudo Clínico (GECLIN) é um sistema de informação desenvolvido em Bio, numa parceria com a Divisão de Tecnologia da Informação (Ditin). Seu objetivo é dar suporte à coordenação da Asclin, coordenação de pesquisa clínica e gerentes de projetos no acompanhamento da execução dos estudos clínicos nos diversos centros de pesquisa.
Em contrapartida, o sistema de CRF eletrônico (BioForm) constitui uma ferramenta online que facilita a entrada de informações em um sistema de Banco de Dados com um gerenciamento mais efetivo dos processos de monitoria e acompanhamento das pesquisas para posterior resolução por parte de investigadores dos estudos clínicos. Este sistema foi desenvolvido também por Bio-Manguinhos, através de parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO).
Parceria com centros de pesquisa
Os estudos clínicos conduzidos pela Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos (que podem ser de intervenção ou sorológico-epidemiológico) são realizados em Centros de Pesquisa parceiros, escolhidos mediante perfil epidemiológico da população alvo e formalizados por meio de carta-compromisso ou acordos de cooperação técnico-científica.
Mediante consentimento informado aplicado aos participantes de pesquisa são coletadas amostras biológicas (sangue total, soro e/ou plasma). Essas amostras precisam ser manipuladas e processadas por profissionais treinados e em local apropriado. “Atualmente, Bio-Manguinhos está adequando uma área específica para o processamento de amostras biológicas, em sua Unidade de Ensaios Clínicos para Imunobiológicos”, conta Maria de Lourdes.
Por meio de parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e Bio, um espaço foi cedido na AP 5.3, Policlínica Lincoln de Freitas Filho, em Santa Cruz. Esse espaço, que contemplará oito salas, será constituído por um centro coordenador de pesquisa clínica e um laboratório de processamento de amostras, considerando as amostras oriundas dos ensaios clínicos realizados na região da zona Oeste do Rio de Janeiro.
O centro de pesquisa e o laboratório foram projetados pela equipe de engenharia da SMS e apoiado pela engenharia de Bio-Manguinhos. De acordo com o recurso que foi disponibilizado pela SMS, através do Edital nº 06/2014 (Projeto Teias) para a implantação do centro, a execução das obras está prevista para 2016. Atualmente, o corpo técnico de Bio-Manguinhos, juntamente com os profissionais da SMS, está trabalhando em conjunto com o objetivo de delinear os aspectos técnicos para a implantação do empreendimento.
Nos centros processadores, as amostras de sangue total serão recebidas, cadastradas, centrifugadas e aliquotadas em cabine de segurança biológica classe 2 B II, com consonância com as diretrizes de Boas Práticas de Laboratório e Biossegurança. Essas alíquotas serão mantidas a -30 / -70°C até serem encaminhadas ao Biorrepositório da Asclin para posterior envio aos laboratórios, responsáveis pelas análises laboratoriais previstas no protocolo clínico.
O centro coordenador de pesquisas clínicas de Bio-Manguinhos foi inaugurado no dia 21 de junho de 2013. Fruto de uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS), o espaço pertence ao Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão, unidade de atenção básica à saúde localizada na Tijuca, Rio de Janeiro, e cedido ao Instituto. Desde então, estão sendo realizadas as pesquisas clínicas conduzidas pela Asclin.
A inauguração do Centro Coordenador de Pesquisa Clínica Heitor Beltrão contou com as presenças do atual secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, do diretor de Bio-Manguinhos, Artur Roberto Couto, e de membros da Diretoria. O espaço tem grande importância para a saúde pública, pois é o centro coordenador de pesquisas multicêntricas (realizadas em diferentes unidades de saúde simultaneamente), com o objetivo de desenvolver vacinas, fármacos e reagentes para diagnósticos voltados para atender a demanda do Ministério da Saúde e, em alguns casos, da Organização Mundial da Saúde.
É um local onde se realizam estudos clínicos e que está ligado a um posto de atenção básica de saúde, permitindo a integração da pesquisa com a assistência básica. Os estudos clínicos de vacinas feitos no Centro Coordenador resultarão em novos produtos, que posteriormente abastecerão àquela e outras unidades de saúde pública.
O investimento em um centro coordenador de pesquisas clínicas vai ao encontro da legislação nacional e busca pela excelência na realização de estudos clínicos no país, que sendo promovidos com uma infraestrutura adequada e moderna possibilitam melhores resultados e respostas mais rápidas. Isso fortalece, com a introdução de novos produtos (vacinas, biofármacos e reativos para diagnóstico), os programas públicos de saúde. O local, de 53 m2, é considerado um posto avançado da Asclin, onde trabalham durante os estudos clínicos uma equipe composta por pelo menos 12 profissionais.
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