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01/11/2013

Nova edição de HCS-Manguinhos já está disponível on-line

Glauber Gonçalves


As incursões de Carlos Chagas e de Mário de Andrade na floresta amazônica nas primeiras décadas do século passado e seus questionamentos sobre a possibilidade de uma civilização nos trópicos face aos desafios impostos pela malária abrem a série de artigos desta edição da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Ao todo, são 15 textos, que abordam temas que vão do impacto da radiação nos trabalhadores da indústria nuclear espanhola durante a ditadura do general Francisco Franco às mudanças ocorridas nas práticas da profilaxia marítima brasileira por meio de dois casos de navios de imigrantes que chegaram ao Rio de Janeiro com epidemias a bordo.

No artigo de abertura, intitulado Malária como doença e perspectiva cultural nas viagens de Carlos Chagas e Mário de Andrade à Amazônia, Nísia Trindade Lima e André Botelho destacam o estranhamento de Chagas diante da natureza amazônica, das manifestações mórbidas e da sociedade local. Já empatia é o elemento fundamental para entender a perspectiva crítica de Mário de Andrade, que, segundo os autores, valorizava as formas de sociabilidade, crenças e expressões populares da região, inclusive as relativas à malária.

HCS-Manguinhos traz também dois textos sobre o matemático, astrônomo, estatístico e sociólogo belga Adolphe Quetelet: uma análise da teoria do 'homem médio', desenvolvida por ele, e um resgate de sua obra, com atenção especial para Sur l'homme et le développement de ses facultés. Nesta edição, é possível conferir ainda artigos sobre a contribuição do francês Paul Deshayes para a classificação de fósseis portugueses; a epidemia de varíola e o medo da vacina em Goiás nos séculos 19 e 20; a atuação de duas instituições filantrópicas de combate à lepra no Brasil e na Argentina nas décadas de 1930 e 1940; entre outros.

Na carta de apresentação desta edição, o editor científico de HCS-Manguinhos Marcos Cueto fala do resultado surpreendente das primeiras ações da revista nas redes sociais. A publicação estreou em junho um blog e páginas no Facebook e no Twitter. A revista lança agora versões em inglês desses ambientes virtuais. Cueto reflete ainda sobre as manifestações populares que tomaram as ruas de diversas cidades brasileiras a partir de junho e sobre o papel dos historiadores nesse processo.

“Nós, historiadores, temos muito o que dizer sobre as mudanças e continuidades, e um produto indireto do que aconteceu nas ruas do Brasil nos fez lembrar que a legitimidade da nossa profissão não está dada, nem se baseia apenas na busca paciente em arquivos e na elaboração cuidadosa de artigos e de livros – o que não devemos de fazer -, mas se reconstrói a cada certo tempo, como agora”, escreveu Cueto.

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