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02/10/2015

Olimpíadas 2016: Brasil se prepara para possíveis ameaças

Amanda de Sá


Mais de dois milhões de pessoas são esperadas no Brasil para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, de acordo com dados da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. Para lidar com o intenso fluxo de pessoas, o Brasil mantém uma rotina de treinamentos para possíveis ameaças à segurança e à saúde do país. Entre os diversos riscos que grandes eventos podem ocasionar, o terrorismo é uma preocupação frequente, especialmente em eventos esportivos, como mostrou o atentado à Maratona de Boston que matou três pessoas e deixou cerca de 260 feridas em 2013.

Diferente do terrorismo convencional, diversos ataques químicos, biológicos, radiológicos e nucleares estão cada vez mais presentes em tragédias históricas. Esses agentes, quando utilizados de forma deliberada, tem o propósito de ocasionar danos em massa. O antraz, bactéria utilizada para a contaminação de envelopes em ataques aos Estados Unidos em 2001, exemplifica esse padrão.

Embora não se trate de um terrorismo feito com armas convencionais, este tipo de ataque acontece desde a Primeira Guerra Mundial, quando alemães infectaram, também com antraz, o gado enviado aos Aliados. O ataque levou à criação do Protocolo de Genebra em 1925, que proibia o uso de asfixiantes, venenos, gases e bactérias em guerra. Apesar disso, segundo a Associação Nacional de Biossegurança, desde 1980, os agentes biológicos têm sido usados por organizações terroristas.

No bioterrorismo, os agentes podem ser dispersos como aerossóis, líquidos ou pós, pelo ar ou pela água, com o objetivo de difundir doenças entre a população. Ao contrário de outros cenários de ataque terrorista, o reconhecimento do ataque com armas biológicas não possui formas rápidas de detecção e, segundo Telma Abdalla (foto*), pesquisadora do Núcleo de Biossegurança da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, só é possível reconhecer um ataque biológico alguns dias após a ação, com o surgimento dos sintomas da doença e a consequente procura por atendimento nos serviços de saúde. “As equipes médicas precisam ser capacitadas para poderem identificar precocemente os sintomas das doenças, que na maioria das vezes são inespecíficos”, advertiu.

De acordo com ela, o Brasil pode enfrentar dois tipos de ameaças por agentes biológicos: as envolvidas na ocorrência de casos isolados ou surtos ocasionados por doenças transmissíveis emergentes ou reemergentes, devido ao fluxo de pessoas de diferentes países cujos contextos epidemiológicos podem representar ameaça para a saúde pública nacional; e os eventos de liberação proposital de agentes, caracterizando o bioterrorismo.

“A preparação para as ameaças de bioterrorismo deve se concentrar, além do suporte, em um bom sistema de comunicação, uma rede de vigilância epidemiológica eficaz, treinamento adequado das equipes de cuidados primários e recursos materiais básicos de emergência, regionalização dos recursos e infraestruturas, apoio da rede de laboratórios de saúde pública e na criação de unidades assistenciais de saúde de referência. Os recursos para estas ações são os mesmos necessários à vigilância das doenças infecciosas no país”, apontou a pesquisadora.

 Neste sentido, Telma Abdalla destaca a importância da biossegurança na relação com as ações de resposta ao bioterrorismo, com a implementação da avaliação de risco e o estabelecimento de medidas de proteção e de contenção nas áreas atingidas e nos procedimentos de descontaminação e tratamento, de forma mais eficiente possível.

Para dar conta dessas demandas, o Núcleo de Biossegurança (NuBio/Ensp/Fiocruz) está participando do treinamento para as Olimpíadas do Rio, promovido pelo Ministério da Saúde em parceria com outras instituições e órgãos governamentais, coordenando o tema “Preparo e respostas às ameaças e emergências envolvendo agentes biológicos”. O mesmo curso capacitou cerca de 1,5 mil pessoas nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, que trouxe ao país cerca de um milhão de turistas estrangeiros.

*Foto extraída do link: http://www.fiocruz.br/omsambiental/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=686&sid=13

Saiba mais: Fiocruz participa de treinamento para Olímpiadas 2016

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