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29/09/2020

Pesquisa aponta que aleitamento aumentou nas últimas décadas

Icict/Fiocruz


O tempo e a qualidade do aleitamento materno no país aumentaram, segundo o relatório preliminar de indicadores de aleitamento materno no Brasil do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019), coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Foram analisadas 14.584 crianças com menos de cinco anos de vida, de todos os estados do país e do Distrito Federal, no período entre fevereiro de 2019 e março de 2020. 

Foram analisadas 14.584 crianças com menos de cinco anos de vida, de todos os estados do país e do Distrito Federal, no período entre fevereiro de 2019 e março de 2020 (foto: Salvador Scofano / Fiocruz Imagens)

 

Como um levantamento com essa amplitude é inédito, foram feitas análises de tendência temporal em relação aos indicadores centrais de aleitamento materno propostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), utilizando resultados das pesquisas nacionais de demografia em saúde (PNDS) realizadas em 1986, 1996 e 2006. “São 14 anos desde a última pesquisa nacional que avaliou o estado nutricional de crianças menores de cinco anos, não tínhamos uma informação acurada da situação. O Enani veio preencher essa lacuna, é o maior e mais amplo estudo realizado nessa área de nutrição materno-infantil. Além dos indicadores de consumo alimentar e aleitamento materno, da avaliação nutricional, também foram coletadas amostras de sangue para analisar dez biomarcadores relacionados a deficiências de micronutrientes. Vamos ter uma avaliação bem completa do estado nutricional de nossas crianças até o ano passado”, explica Cristiano Boccolini, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/ Fiocruz), que integra a comissão executiva do Enani. 

A prevalência de amamentação exclusiva entre crianças com até quatro meses saltou de 4,7%, em 1986, para 60%, sendo o percentual mais elevado na região Sudeste (63,5%) e menor no Nordeste (55,8%). Entre menores de seis meses, o índice passou de 2,9% para 45,7% no mesmo período, sendo maior na região Sul (53,1%) e menor na região Nordeste (38%). “Praticamente metade das crianças avaliadas estavam sendo amamentadas exclusivamente. Quando se compara esse cenário com os indicadores de 1986, o crescimento foi de 42,8 pontos percentuais, que corresponde a um incremento de cerca de 1,2% ao ano”, analisa Boccolini. Segundo os pesquisadores, níveis ideais de amamentação poderiam prevenir mais de 820 mil mortes de crianças menores de cinco anos por ano no mundo, além de evitar 20 mil mortes de mulheres por câncer de mama. 

Licença-maternidade

A ampliação da licença-maternidade foi um fator importante na melhora dos resultados, ressalta o coordenador nacional do estudo e pesquisador da UFRJ, Gilberto Kac. “Temos 60% das crianças brasileiras amamentadas exclusivamente até os quatro meses de idade, período da licença. Mas a prevalência cai para 45% quando analisamos dados até seis meses, idade recomendada para aleitamento exclusivo pela OMS”, contrapõe. Outros pontos podem ter influenciado no aumento do aleitamento materno no Brasil além da ampliação da licença-maternidade, como os programas de aumento do tempo concedido para trabalhadoras de quatro para seis meses em algumas empresas privadas e órgãos públicos, as salas de apoio à amamentação nos locais de trabalho e a regulação de propagandas de substitutos da amamentação. 

O Enani conta com a parceria de dezenas de universidades e instituições públicas de todo o Brasil, e é financiado pelo Ministério da Saúde por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O estudo avaliou crianças com menos de cinco anos de vida e foi organizado em três eixos: consumo alimentar e aleitamento materno, avaliação de deficiências de micronutrientes e avaliação do estado emocional antropométrico.

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